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23/06/2010 - 19h02

Otan mantém estratégia no Afeganistão apesar de novo comando; junho é mês mais letal

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Atualizado às 19h29.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) vai manter sua estratégia no Afeganistão apesar da troca de comando militar decidida nesta quarta-feira pela Casa Branca, disse o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen. A mudança no comando após declarações polêmicas acontece no mês mais letal para as forças da Otan desde o início da guerra do Afeganistão, em 2002.

"Notei que o general [Stanley] McChrystal está deixando o cargo de comandante da missão liderada pela Otan no Afeganistão. Embora ele não seja mais o comandante, a abordagem que ele ajudou a pôr em prática é a correta," disse Rasmussen em nota.

"A estratégia continua a ter o apoio da Otan, e as nossas forças vão continuar a realizá-la," acrescentou. McChrystal foi o mentor da estratégia, adotada nos últimos meses, de reforçar o contingente militar para tentar conter os avanços do Taleban.

Larry Downing/Reuters
Obama anuncia que o general David Petraus irá substituir Stanley McChrystal no Afeganistão
Obama anuncia que o general David Petraus irá substituir Stanley McChrystal no Afeganistão

Ao nomear o general David Petraeus para substituir McChrystal, o presidente Barack Obama também disse que a estratégia da guerra não irá mudar. McChrystal foi afastado após a publicação de uma entrevista que concedeu à revista "Rolling Stone", na qual fez duras críticas à Obama e a atuação de outros altos funcionários do governo americano.

Um porta-voz da Otan disse que, pela atual estrutura das forças aliadas, os países membros não precisam aprovar a troca de comando.

Baixas

Junho está sendo o mês com mais mortes para a Otan desde o início da guerra do Afeganistão, em 2002. Um levantamento feito pela agência de notícias Associated Press, baseado na divulgação do número de mortos feito pela aliança militar, mostrou que 76 soldados foram mortos este mês, na maioria americanos (46).

Até então, o mês mais fatal para a Otan tinha sido julho de 2009, quando 75 soldados morreram.

Para o contingente americano, a pior data foi registrada em outubro de 2009, com a morte de 59 militares.

Transição

O general britânico Nick Parker, atual vice-comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, vai assumir temporariamente o controle das tropas enquanto o Congresso americano não aprova a indicação de Petraeus como novo comandante, informou o governo do Reino Unido.

Um alto representante do governo dos EUA disse que Obama conversou com o presidente afegão, Hamid Karzai, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, antes de anunciar publicamente sua decisão.

Após uma conversa por telefone, Obama e Cameron concordaram que Petraeus era a pessoa certa para substituir McChrystal, disse Cameron em comunicado. O governo britânico reiterou que continua "absolutamente comprometido" com a estratégia no Afeganistão.

Já o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse achar que a mudança não ajudará a resolver o conflito na região, segundo seu porta-voz Waheed Oma. "O presidente considera que estamos numa situação delicada com nossos sócios, em nossa guerra contra o terrorismo, no processo de trazer a paz e a estabilidade ao Afeganistão, e que qualquer brecha nesse processo não ajudará", afirmou Oma.

Tolerância zero

Após aceitar a renúncia do general Stanley McChrystal do cargo de comandante das tropas Estados Unidos no Afeganistão e substitui-lo por David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, o presidente americano, Barack Obama, disse em discurso oficial da Casa Branca que não irá tolerar divisões dentro do Exército americano.

"Hoje aceitei a renúncia do general McChrystal como chefe das tropas dos EUA no Afeganistão. Lamento, mas tenho certeza de que é a melhor opção para nosso país. Aproveito para nomear David Petraeus como o novo chefe de nossas tropas", disse Obama.

De acordo com o presidente, a medida é necessária para manter a estratégia americana no país. "Agora é hora de todos se unirem. Não posso tolerar divisões (...), precisamos nos lembrar do que se trata [o conflito], nossa nação está em guerra. Vamos quebrar o poder do Taleban e incentivar o Afeganistão e o Paquistão a fazer o mesmo", acrescentou.

No discurso, o presidente disse ainda que, apesar da decisão "continua a admirar" McChrystal. "Nos últimos 9 anos, com os EUA lutando guerras no Iraque e no Afeganistão, ele ganhou nossa admiração como um dos melhores soldados dos EUA".

No entanto, segundo Obama, os comentários "não deveriam ter sido publicados". "Tenho uma responsabilidade pelos militares que servem nesta missão vital. Devo manter o rigor de um código de conduta, tanto para novos integrantes como para o general que comanda todos".

A última vez que Washington enfrentou um contratempo tão significativo entre um presidente e um comandante durante uma operação de guerra ocorreu quando Harry Truman demitiu o general Douglas MacArthur há mais de 50 anos, em decorrência de críticas na estratégia da guerra da Coreia.

Ontem, Obama havia dito que McChrystal teria cometido um "erro de julgamento" ao fazer as críticas, mas que que desejava conversar com ele antes de tomar uma decisão sobre seu futuro.

 

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