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24/06/2010 - 12h05

Após troca de comando, chefe militar dos EUA alerta para desafios no Afeganistão

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O oficial militar chefe dos EUA, Mike Mullen, disse na quinta-feira que apoia totalmente a decisão de substituir o comandante das forças norte-americanas no Afeganistão e avisou que os próximos meses serão altamente desafiadores, em alusão à ofensiva de Candahar, anunciada como uma das maiores desde o início dos conflitos na região.

"Dou pleno apoio à decisão do presidente", disse o almirante Mullen, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, um dia após a decisão de Barack Obama de substituir o general Stanley McChrystal pelo chefe do Comando Central, David Petraeus, como comandante em chefe dos EUA no Afeganistão.

Drew Angerer/AP
Almirante Mike Mullen alerta novo comandante no Afeganistão para grandes desafios, particularmente relacionados à futura operação em Candahar
Almirante Mike Mullen alerta novo comandante no Afeganistão para grandes desafios, particularmente relacionados à futura operação em Candahar

"Este é um mundo muito, muito duro", disse Mullen a uma plateia em Washington, indagado sobre o combate próximo para dominar a cidade de Candahar, no sul do Afeganistão. "Trata-se de um desafio extraordinariamente complexo."

As declarações de Mullen chegam um dia após Obama ter afastado o general McChrystal do cargo após o militar ter criticado o Executivo americano em entrevista polêmica à revista Rolling Stone. McChrytal chegou a pedir desculpas públicas pelas afirmações, mas foi substituído por Petraeus, que assume agora a responsabilidade de liderar as tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e dos EUA no Afeganistão, num dos piores momentos desde o início da guerra.

Mês mais letal

Junho está sendo o mês com mais mortes para a Otan desde o início da guerra do Afeganistão, em 2002. Um levantamento feito pela agência de notícias Associated Press, baseado na divulgação do número de mortos feito pela aliança militar, mostrou que 76 soldados foram mortos este mês, na maioria americanos (46).

Até então, o mês mais fatal para a Otan tinha sido julho de 2009, quando 75 soldados morreram.

No Reino Unido, a morte do 300º soldado neste mês reativou o debate entre a população britânica, descontente com a participação do país nas operações. O premiê David Cameron defendeu o "sacrifício" como medida para garantir a segurança nacional.

Para o contingente americano, a pior data foi registrada em outubro de 2009, com a morte de 59 militares.

Taleban diz que guerra continua

Em resposta ao anúncio da troca de comando no Afeganistão, os talebans indicaram que prosseguirão lutando até todas as tropas internacionais deixem o país, independente de quem estiver no comando militar das potências ocidentais atualmente em operação de guerra na região.

Michael Reynolds/Efe
Obama nomeia Petraeus como o novo chefe das operações da Otan e dos EUA no Afeganistão
Obama nomeia Petraeus como o novo chefe das operações da Otan e dos EUA no Afeganistão

"Para nós independe saber quem está no comando, McChrystal ou Petraeus. Nossa postura é clara. Lutaremos contra os invasores até que eles vão embora", declarou Yusuf Ahmadi, porta-voz dos talebans.

O governo do presidente afegão Hamid Karzai havia pedido publicamente aos Estados Unidos que McChrystal não fosse afastado.

"É vergonhoso. Karzai, o presidente fantoche, pediu ao presidente Obama que mantivesse McChrystal no cargo", comentou Ahmadi.

Estratégia

Ainda na quarta-feira a Otan anunciou que vai manter sua estratégia no Afeganistão apesar da troca de comando militar decidida pela Casa Branca.

"A estratégia continua a ter o apoio da Otan, e as nossas forças vão continuar a realizá-la," disse o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, em nota. McChrystal foi o mentor da estratégia, adotada nos últimos meses, de reforçar o contingente militar para tentar conter os avanços do Taleban.

Denis Sinyakov/Reuters
Otan e EUA estão preparando maior ofensiva da guerra na Província de Candahar (arquivo)
Otan e EUA estão preparando maior ofensiva da guerra na Província de Candahar (arquivo)

Ao nomear o general David Petraeus para substituir McChrystal, o presidente Barack Obama também disse que a estratégia da guerra não irá mudar. McChrystal foi afastado após a publicação de uma entrevista que concedeu à revista "Rolling Stone", na qual fez duras críticas à Obama e a atuação de outros altos funcionários do governo americano.

Transição

O general britânico Nick Parker, atual vice-comandante das forças da Otan no Afeganistão, vai assumir temporariamente o controle das tropas enquanto o Congresso americano não aprova a indicação de Petraeus como novo comandante, informou o governo do Reino Unido.

Já o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse achar que a mudança não ajudará a resolver o conflito na região, segundo seu porta-voz Waheed Oma. "O presidente considera que estamos numa situação delicada com nossos sócios, em nossa guerra contra o terrorismo, no processo de trazer a paz e a estabilidade ao Afeganistão, e que qualquer brecha nesse processo não ajudará", afirmou Oma.

Nação em guerra

Após aceitar a renúncia do general Stanley McChrystal do cargo de comandante das tropas Estados Unidos no Afeganistão e substitui-lo por David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, o presidente americano, Barack Obama, disse em discurso oficial da Casa Branca que não irá tolerar divisões dentro do Exército americano.

Obama sinalizou que medida foi necessária para manter a estratégia americana no país. "Agora é hora de todos se unirem. Não posso tolerar divisões (...), precisamos nos lembrar do que se trata [o conflito], nossa nação está em guerra. Vamos quebrar o poder do Taleban e incentivar o Afeganistão e o Paquistão a fazer o mesmo", acrescentou.

A última vez que Washington enfrentou um contratempo tão significativo entre um presidente e um comandante durante uma operação de guerra ocorreu quando Harry Truman demitiu o general Douglas MacArthur há mais de 50 anos, em decorrência de críticas na estratégia da guerra da Coreia.

 

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