Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Acompanhe a sãopaulo no Twitter
14/06/2012 - 09h00

Quermesses perdem elementos juninos e incorporam novas tendências

Publicidade

PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO

Acarajé, yakisoba, sanduíche de pernil, bolinho de bacalhau. Não parece, mas os quitutes são vendidos numa tradicional festa junina de São Paulo, a da igreja do Calvário, em Pinheiros, região oeste.

"O público pedia e agora já é tradição. Aproveitamos para fazer uma feira de nações", diz Marcos Takaki, organizador do evento, ao justificar por que as barraquinhas vão além de canjica, curau e milho assado.

Dezenas de outras quermesses na cidade também incorporaram novos elementos à festa que homenageia São João e abandonaram outros, como a fogueira, a roupa de caipira, a quadrilha e os rojões.

Maria do Carmo/Folhapress
Quermesse da igreja do Calvário tem acarajé, fogaça, yakisoba, tempurá, bolinho de bacalhau, entre outros pratos
Quermesse da igreja do Calvário tem acarajé, fogaça, yakisoba, tempurá, bolinho de bacalhau, entre outros pratos

O balão, um dos principais símbolos da festa, também foi adaptado. Hoje ele é apenas decorativo, já que, desde 1998, sua prática é proibida devido ao risco de incêndios.

Por sentir falta das quermesses mais "originais", há dez anos a professora Anna Beck, 51, faz em casa seu próprio arraial e se veste para a quadrilha. "Os adultos acham que é 'mico', mas faz parte da manutenção da nossa cultura", diz a paulistana.

A baiana Talita Diniz, 22, mora há quatro anos em São Paulo e compara as festividades daqui com as da terra natal. "Lá, a cidade fica toda enfeitada e as festas são na rua. Todo mundo se empolga, se caracteriza e vai dançar."

A comerciante Gabriela Leal, 26, veio de Natal (RN) há dois anos e também sente falta da festa à moda nordestina. "Quando chega a época, a gente já sente o cheiro de lenha queimada nas ruas. Sempre tem alguém acendendo uma fogueira", recorda-se.

Quem procura um arraial mais nordestino pode ir ao do CTN (Centro de Tradições Nordestinas), onde tem quadrilha, sanfoneiro e brincadeiras como o "pau de sebo". Mas até no Nordeste, o São João está mudado, segundo Mariana Conti, coordenadora do CTN.

Para a pesquisadora Lilian Vogel, autora de um livro sobre quermesses paulistas, não é possível afirmar em qual região do país a festa é mais original: "A tradição veio de Portugal e, em cada lugar, ela se transformou".

"O folclore é dinâmico, ele se moderniza", complementa Neide Rodrigues, presidente da Comissão Paulista de Folclore, órgão ligado à Unesco. "Até quando você pode 'segurar' um Jeca Tatu?"

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página