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Exposição com mil fotos reconta história do skate; leia entrevista
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GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Ele foi um dos pioneiros do skate no Brasil, ainda no fim dos anos 1970, e também largou na frente no registro fotográfico de "ollies" e outras manobras sobre as quatro rodinhas.
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Bitão/Divulgação |
Imagens registradas pelo fotógrafo e skatista Bitão estão em exposição na Matilha Cultural (centro de São Paulo) |
Agora, Fábio Amad --conhecido no meio como Bitão-- tem seus 20 anos de carreira como fotógrafo recontados em uma exposição na Matilha Cultural, no centro de São Paulo.
O projeto "[o]92ateoinfinito", aberto ao público até 1º de setembro, reúne cerca de mil imagens desse universo captadas por suas lentes no Brasil e no mundo.
Além de conferir as imagens ampliadas, o público também pode se aventurar em um circuito de skate montado com obstáculos no segundo andar do espaço da exposição, que será fotografado durante a mostra.
Bitão, 38, conversou com a sãopaulo sobre a exposição, sobre o que mudou no mundo do skate nos últimos anos e também sobre como a cidade recebe quem sai por aí sobre o shape.
Projeto "[o]92ateoinfinito" - Matilha Cultural - r. Rego Freitas, 542, centro, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3256-2636. De ter. a dom., exceto sáb.: 12h às 20h. Sáb: 14h às 20h. Livre. Grátis. Até 1/9.
ABAIXO, LEIA O BATE-PAPO COM BITÃO:
sãopaulo - De onde veio a ideia de colocar os obstáculos na exposição?
Bitão - Os obstáculos foram todos feitos de material reciclável e formam a letra do meu nome. A ideia era reaproveitar o material que estava parado. E é um pouco do espírito, do estilo dos skatistas, de sempre procurar um lugar novo e construir os obstáculos com o que eles encontram por aí.
Skate é estilo de vida?
Total. A gente nem considera muito um esporte. É mais uma cultura, um estilo de vida. Tem muito músico, fotógrafo, artista plástico que saiu do skate. E a galera não tem um costume de treino, uma disciplina como nos esportes tradicionais. O skate tem mais liberdade do que o esporte. E agrega mais coisa: cultura, música, arte, tudo o que gira em torno desse universo.
O skate ainda é marginalizado?
Ainda rola um pouco de preconceito, mas o skate está mais aceito. Hoje você vê mulher, cara mais velho que traz os filhos. Aparece até em novela. O Brasil deve ser um dos poucos lugares fora dos EUA que produz as próprias peças. Mesmo assim não tem incentivo, patrocínio de grandes marcas. Ainda fica no underground, movido mais pelo mercado interno do skate.
São Paulo é uma cidade amiga do skate?
Não é. As calçadas são totalmente esburacadas. Se você for andar na rua, é pior ainda: o asfalto é horrível. Temos algumas pistas, mas a maioria fica em lugares asfaltados. Você tem de pegar dois, três ônibus para chegar lá. A gente poderia ter mais skate parks, até mesmo em praças que estão abandonadas. O governo não está nem aí.
O que falta à cidade?
Falta muita coisa. A praça Roosevelt era um centro de skate. Já está para abrir, mas eu nem sei se vai ser possível andar nela. Ou seja, tiraram um lugar, mas não fizeram nada para substituí-lo. Gastaram um absurdo, mas não deixaram nenhum cantinho para nós. A região central só tem uma pistinha horrível, ao lado da Câmara. As mais próximas são no Sumaré, mas lá você precisa de uma infra, como capacete e tal, para usar. Ou então, no Carandiru, mas é meia boca. Vira e mexe estão reformando. Numa cidade gigante como essa podia ter mais lugares para o skate.
Você começou tirando fotos em 1992. De lá pra cá mudou a atitude dos skatistas?
Mudou totalmente. O pessoal do skate sempre foi ligado à fotografia, ao vídeo. Mas o interesse aumentou. A molecada não pensa tanto em andar por prazer, já pensa em fotografar, em sair na revista, em ser profissional. O acesso a equipamentos está mais fácil. Antes também era difícil conseguir uma revista importada. Antes a gente começava a andar e nem sabia o que ia acontecer. Hoje já querem filmar, tirar foto. Ficou bem mais fácil produzir o seu vídeo e colocar no YouTube.
E como é transitar desse universo para o da SPFW, que você também já fotografou?
Eu acho que isso é uma evolução. A minha raiz é o skate, mas a fotografia não tem limite. Não vou ficar fotografando skate o tempo todo. É parte da evolução do meu trabalho. O skate também ditou a moda. O pessoal da música pegou muita moda do povo do skate.
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