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20/01/2013 - 03h00

'Zerar fila é possível, mas não sei quando', diz secretário da Educação

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ELVIS PEREIRA
DE SÃO PAULO

"Não vamos fazer pirotecnia." Essa é a promessa do sociólogo Cesar Callegari (PSB), 59, que tem a missão de, durante os quatro anos da gestão Fernando Haddad (PT), entregar 172 novas creches e impedir que 27% dos alunos da rede municipal cheguem ao quinto ano sem saber ler nem escrever.

Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação em 2012, quando Haddad já não era mais ministro, ele terá neste ano orçamento de R$ 7,9 bilhões, o maior entre as 27 secretarias, para gerir 2.761 escolas, 909 mil alunos e 61,5 mil professores.

Callegari diz ser uma "honra" atuar como secretário na cidade em que nasceu, mas está ciente de que cobranças surgirão. "Ainda não sou [cobrado pelo vizinho], mas com certeza serei."

Letícia Moreira/Folhapress
Cesar Callegari, 59, assumiu a Secretaria Municipal de Educação em janeiro deste ano
Cesar Callegari, 59, assumiu a Secretaria Municipal de Educação em janeiro deste ano

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sãopaulo - O sr. ficou só um ano em Brasília. Não se adaptou?
Cesar Callegari - No Ministério da Educação, meus principais propósitos foram concluídos, como o pacto pela educação na idade certa. O retorno já estava programado para o fim de 2012. Não foi por falta de adaptação, porque, como bom paulistano, não tenho dificuldade com isso.

O sr. é amigo do prefeito?
Tivemos uma relação muito intensa nos oito anos em que fui do Conselho Nacional de Educação.

Como foi o convite para secretário?
Ele me convidou para uma conversa no apartamento dele, mas não adiantou o assunto. Tratamos do programa de governo, passamos em revista vários pontos. E só aí surgiu o convite.

Aceitou na hora?
Na hora. Pela pessoa, pelo significado de ter um prefeito educador, pela natureza do programa e porque sou um profissional de educação. Sou um militante dessa área. É uma honra colaborar com o maior sistema educacional do Brasil.

Seu nome não foi a primeira opção. Isso o incomodou?
Não, eu estava em Brasília com atribuições muito grandes no governo federal. Não acho que eu seja segunda opção.

Acredita que será o secretário mais cobrado pelo prefeito por ele ter sido ministro da Educação?
Não sei se mais ou menos. Mas com certeza me sinto mais apoiado por ter um prefeito que conhece bem a área. O apoio é que virá com mais força.

Como tem sido a vida de secretário?
Já tive quatro reuniões com o prefeito, fora os telefonemas. Primeiro, porque estamos às vésperas do início do ano letivo [6/2]. O segundo ponto é a montagem da secretaria, pois parte significativa da equipe foi embora. A secretaria foi estruturada historicamente com improvisos e isso não pode ocorrer. Improviso se reflete em salários baixos, carreiras pouco atraentes, pouca fixação de profissionais em certas funções.

As pessoas acabam trabalhando com educação mais por militância?
Sim, mas tem de mudar. O projeto é fazer com que a secretaria seja mais eficiente.

As creches são a prioridade?
Em termos de quantidade, é esse o trabalho que temos de fazer. Vamos fazer um diagnóstico de todas as [creches] conveniadas, há 907 tocadas por entidades. Precisamos manter essa rede, mas com serviço de qualidade.

Hoje não é de qualidade?
Algumas sim, outras não. Vamos continuar precisando de parceiros. Agora, o critério será eficiência.

Gilberto Kassab também havia prometido zerar o deficit de vagas nas creches e não conseguiu. O que a gestão atual fará de diferente?
Coisas que não puderam acontecer na gestão passada vão acontecer agora, como a parceria muito forte com o governo federal. Ao localizar terrenos, haverá recursos para construir novas unidades.

Mas zerar a fila é possível mesmo?
Acho que é. Não sei em que tempo vai acontecer... O número de vagas criadas por Kassab foi grande. Era muito mais grave a situação, mas continua grave.

Das 172 creches prometidas, neste ano já haverá alguma pronta?
Esse plano vai emergir da força-tarefa [responsável por localizar as áreas]. O prefeito determinou que a gente use terrenos que são da prefeitura.

As inaugurações serão a partir de quando? Do ano que vem?
Não sei dizer. Dessas 172, com certeza [haverá inauguração a partir do ano que vem]. Há creches em obras, da gestão passada, que serão entregues neste ano.

O plano de governo fala em recuperar o projeto dos CEUs. Pioraram?
O CEU está ensimesmado e, na concepção original, tem de ser um coração articulador das atividades educativas do entorno. A comunidade tem de estar dentro.

O senhor teve acesso aos dados da Prova São Paulo 2012?
Os resultados não foram totalmente processados. Agora, o que temos: os indicadores do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] colocam São Paulo muito atrás de outras capitais. As próprias Provas São Paulo anteriores mostram isso. Não está bom, é baixo o desempenho do ensino fundamental.

Qual a causa?
Tenho algumas ideias. Os ciclos em torno dos quais está organizada a rede municipal são demasiadamente longos.

Vai haver uma melhora salarial para os professores?
Vamos fazer educação de qualidade com os professores da rede. Tem muita gente boa que anda desestimulada.

Mas o salário maior é um objetivo?
Esse objetivo tem de ser perseguido, embora os salários dos professores de São Paulo sejam relativamente melhores que os de outras regiões do Brasil.

Para o sr., qual a imagem que o paulistano tem da rede municipal?
Acho que é positiva.

Como será daqui a quatro anos?
Que seja muito melhor. Mas me interessa muito mais a efetividade do que a imagem. A imagem é importante, mas há uma efetividade da qual não podemos descuidar. Não vamos fazer pirotecnia, fumaça. Queremos trazer resultado.

 

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