A língua da moda

Para além do agito de desfiles, modelos e celebridades, a São Paulo Fashion Week serve para que os estilistas mostrem suas coleções, inspirações e referências. Fomos até lá para descobrir se o público fashionista conseguiu captar a mensagem dos criadores.

O que diz a grife TUFI DUEK
"Em uma geometria clean, percebemos a invisible light, inspiração da marca. Suaves lembranças dos anos 60 se misturam à estética dos anos 90 e se encontram com a alta tecnologia deste milênio."

E o que eles entenderam
Mayana Moura, atriz de "Passione": "Adorei essa coisa envolvida no plástico. Achei preciso, geométrico... E envolto em plástico."

Otto, cantor e recém-assumido namorado de Mayana: "Acho que o colorido e a leveza estavam em alta [na coleção], e as minissaias, bem curtinhas."

O que diz a grife CIA. MARÍTIMA
"Essa coleção, bem ao estilo boho vintage, vem clássica, mas passeia com personalidade pelo contemporâneo.
Traz uma mistura de hippie glamour, com etnia e um ar exótico, sob uma sensualidade especialmente misteriosa."

E o que eles entenderam
Marco Antonio de Biaggi, cabeleireiro: "Acho que o conceito do desfile foi 'look de rica total'! 'Acabei de chegar em Saint-Tropez.' A inspiração? Ah, a Isabeli Fontana apareceu com aquele caftã inspirado na Talitha Getty, total! E estampa de onça, que enfeita até quem tá do lado."

O que diz o TEMA DA FASHION WEEK
Apresentação da semana de moda, com o tema Anima: "Alma (em latim Anima), o que dá movimento, o que anima, o que faz mover. É o sopro, raiz de ANIMA-ção, essa teimosa vocação do brasileiro. É o pacto com a alegria, com a festa, com a farra. É o sopro de vida, o vento que faz tudo mover. É o que não desiste. Não DES-Anima. A força invisível que faz tudo mover."

E o que elas entenderam
Salete Campari, drag queen: "Acho que o pessoal do mundo da moda tá precisando de mais alma mesmo. Eles fazem muita pose e deixam a alma de lado. Tem um ou outro estilista que não faz carão, mas a maioria faz. Tem que ser mais humano, desenhar mais e dar mais amor."

Deuzeni Goldman, primeira-dama do Estado de SP: "Acho o máximo, um tema superbom porque 'anima' é alma, é vida. Venho a todas as fashions, essa é a quinta ou sexta. Me interesso por tudo do mundo da moda e não acho que é um tema fútil."

O que diz a grife masculina RESERVA
"Apresenta um easy rider apaixonado por esportes radicais. Ele se alimenta de adrenalina, vivendo sem limites e à procura das melhores ondas e half-pipes."

E o que eles entenderam
Marisa Orth, atriz: "Achei diferente, estranho... É uma estética que você não espera de homem, mas acho bom porque só assim pra gente olhar as roupas de homem e repensar a moda masculina."

Felipe Simão, empresário e ex-namorado de Luana Piovani: "Qual é o conceito? A ideia? Ah, cara, muita coisa retrô. Curti essa coisa do neoprene também, do rock'n'roll... Bem legal."

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A lista de KARINA ZEVIANI

De passagem por SP, a vocalista brasileira do grupo francês Nouvelle Vague escolheu músicas que poderiam virar baladinhas da sua banda.

1. Caetano Veloso. Uma música maravilhosa, hit? "Terra" é muito séria. "Cotidiano" também. Uma coisa, assim, no espírito "Leãozinho", mais doce, brincalhona. "Atrás do Trio Elétrico"? Não. Pode ser aquela "Você traz
a Coca-Cola, eu tomo..."!

2. Ah, tem que ter Titãs e Kid Abelha. Podia ser "Marvin", que é muito legal, tem uma melodia linda, todo mundo sabe a letra... Mas não sei se tem a ver. Talvez meio reggae...

3. Da Rita Lee podia ser aquela "Tiririritiriri", sabe qual? Uma que é supersensual. "Meu bem você me dá água na boca..." "Mania de Você." É muito feminina. Bem Nouvelle Vague!

4. Eu amava o Kid Abelha, mas não consigo lembrar as músicas. "Pintura Íntima", aquela do karaokê, não. Aaah! "Uuuu... Eu quero você como eu quero..." Linda!

5. Blitz, claaaro!!! Aquela "Geme, geme, uuuuu!" Ótimo, é tudo na mesma onda da banda.

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"Levei um bolo da rainha da Suécia"

O restaurante Arola-Vintetres, do hotel Tivoli São Paulo-Mofarrej, ganhou fama pela grife do chef espanhol Sergi Arola, duas estrelas no guia "Michelin". Mas quem esquenta a barriga no fogão é o paulistano Fábio Andrade, que conta como é meter a colher na badalada cozinha alheia.

Como é sua relação com Sergi?
É como um irmão mais velho, mas é difícil trabalhar com ele. Um dia, fomos participar de um jantar
com outros chefs. Enquanto os outros garçons montavam as mesas, os meus saíram servindo os pratos. Ele ficou nervoso e me ligou no celular --ele no salão e eu na cozinha-- gritando: "Joder, tío!" [um paulistano teria dito "porra, meu!"].

É difícil adaptar a culinária espanhola ao gosto paulistano?
O Sergi queria usar coentro nos pratos e eu expliquei que paulistano não gosta de coentro. Não adianta, eles não vão comer. No Nordeste, as pessoas gostam mais.

Com que frequência ele aparece?
A cada dois meses, mais ou menos. O pessoal do restaurante morre de medo quando ele tá na cozinha. Ninguém dorme. Ele fala muito rápido, e ninguém entende. Se eu saio de perto, ele já grita: "FÁBIOOOO!!!" Por aqui, levo o Sergi no Mercadão e pra comer pastel na Benedito Calixto, e ele diz: "Isso sim é estar em São Paulo".

Qual foi o cliente mais importante que já recebeu no restaurante?
Era pra ser a rainha Silvia, da Suécia. Em visita a SP, ela estava hospedada no hotel e reservou uma mesa pra ela e o rei. Preparei um monte de coisas especiais, fiz uma terrina de foie gras com salmão defumado... E ela não veio. Deu bolo. Parece que foi visitar uns parentes. Quem se deu bem foram os outros clientes.

E qual foi o cliente mais chato... ou o mais exigente?
O ex-primeiro-ministro do Japão Junichiro Koizumi deixou todo mundo louco. Ele ficava o tempo todo: "Cadê meu pão?, Cadê minha água?" Tinha três assessoras pra cuidar de tudo. Reclamou até que a luz do restaurante era fraca. Trouxeram abajures dos quartos pra iluminar a mesa dele.

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MIXTA NA PIXTA
Comandada pelas webcelebridades e DJs Katylene (alter ego travesti do blogueiro Daniel Carvalho), Pedro Beck e Pomada, a festa Balada Mixta volta à ativa no dia 24 de julho. E, para a primeira edição, negocia a participação de uma cantora pop-celebridade. A nova sede é o clube Emme, que funcionará no local do Avenida Club, em Pinheiros. A Funhouse, onde a festa rolava, ficou pequena demais para o trio. "Muita gente não conseguia entrar, e quem entrava ficava apertado", diz Pedro.

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CONFIRMADO
O americano Benjamin Moser, autor da biografia "Clarice,"sobre Clarice Lispector, confirmou presença na Bienal do Livro de SP, em agosto. A escritora será uma das homenageadas do evento, e o livro de Moser, que também participa da Flip, entrou para a lista de "livros notáveis" do "New York Times".

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JANTAR DE GALA
Um jantar refinado, com menu completo, taças de cristal e talheres finos, vai ser oferecido a 12 moradores de rua na abertura da exposição do grafiteiro Tinho, na quarta (dia 16), no Cartel011. Tinho, que faz crítica social com pintura e colagens, será um dos garçons e avisa: quem for à exposição não vai poder se servir.

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colaborou Mariana Versolato