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02/08/2010 - 11h15

Jovem revelado nas ruas de Itaquera é esperança para a Olimpíada de 2016

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JULIANA VILAS
DE SÃO PAULO

Aos 12, ele nunca tinha pensado em experimentar. Mas, por insistência do amigo Fran, testou. "Na segunda vez, já estava viciado", conta Rafael Soares Santeramo, 17, o Galego. "Ele vinha me chamar todos os dias em casa logo cedo. Minha mulher brincava: 'O Chatonildo está aí'. Mas eu jamais deixei de atendê-lo. Afinal, fui eu quem o levou para esse caminho", completa Francisco Carlos da Silva, 38, o Fran, que transformou a vida de jovens que vivem em Itaquera (zona leste), na Vila Corberi, perto da estação de metrô.

Patrícia Araújo/Folhapress
Retrato de Rafael, 17, que hoje é campeao brasileiro de corrida e treina no Pinheiros, mas comecou nas ruas de Itaquera.
Rafael, 17, que hoje é campeao brasileiro de corrida e treina no clube Pinheiros, mas começou nas ruas de Itaquera

Foi batendo na porta de Fran diariamente que o jovem deslanchou no atletismo. "Você começa a correr e fica dependente. Quer se superar cada vez mais. Teve uma fase em que eu estudava e trabalhava vendendo CDs piratas na rua 25 de Março (centro). Eu treinava à noite ou de manhã bem cedo", explica Rafael.

Há 12 anos, Fran, que é técnico de informática e ex-jogador de futebol, criou a Associação Esportiva Cultural Kauê (AEC Kauê). Era um time de futebol de salão, depois cresceu e hoje realiza várias atividades esportivas. "Mas a principal é a corrida", observa Fran. Na rua Nicolino Mastrocola, ele fez uma pista de 200 m, com cinco raias de 60 cm de largura, pintada de vermelho, como as oficiais. "A gente pintou tudo em um fim de semana. Eu e mais dois amigos", lembra.

Rafael, tímido, está bem mais seguro. Virou o ídolo do bairro. Os vizinhos avisam, orgulhosos, que ele é "o cara". "Agora as meninas passam, olham, antes nem ligavam para mim", conta ele, que é o atual campeão brasileiro dos 1.500 m e fez o quarto melhor tempo de 2010 das Américas, na categoria menores. Há dois anos, é atleta federado do Esporte Clube Pinheiros (zona oeste). Às terças e quintas, ele sai de casa, pega o metrô e depois mais dois trens para chegar ao outro lado da cidade. São duas horas para ir e mais duas para voltar. Mas ele vai feliz.

De olho no novo talento, funcionários do Ministério do Esporte já ligaram para o AEC Kauê pedindo para conhecer o projeto de Fran e, claro, ver o desempenho de Rafael, que sonha todas as noites e dias com a Olimpíada de 2016.

Cláudio Castilho, técnico do garoto de Itaquera no Pinheiros, destaca a "garra descomunal" de Rafael e ressalta que até chegar à categoria adulta, Galego ainda precisa passar pela juvenil e pela sub 23. "Podemos dizer que ele está em um bom caminho, conquistando marcas e posições em competições e no ranking da sua categoria", afirma.

 

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