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24/07/2011 - 10h50

Mimadinhos

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BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA sãopaulo

Fantástico esse negócio de HDTV, né não? Faz salientar cada dobrinha no pescoço da Hebe, cada impureza na pele dos atores da novela. Acho que vou mandar uma carta para a Globo implorando para que eles parem de dar close na napa do Ricardo Lombardi. Por mim, ficaria a noite inteira apertando aquele narigão cheio de poros abertos do Astro, higienizando e hidratando a saliência até deixar tudo limpinho a serviço da nitidez da alta definição.

Só nos meus sonhos mais bem-sucedidos imaginaria que um dia ia pendurar na parede do meu mafuá um quadro de 42 polegadas de onde sairiam imagens com qualidade superior à do cinemascope.

Só nos meus sonhos mais desvairados pensei que veria a Guilhermina Guinle, que conheço desde menina, em cenas tão "chili pepper" de acasalamento com o Marco Ricca. Ou que as pepônias da Carolina Ferraz seriam examinadas em detalhes clínicos pelo público sem causar alarido. Melões sem aditivos ou edulcorantes, que visão mais salutar!

Outro dia fui ao programa da Hebe e o pessoal da RedeTV! me proporcionou um tour pelas novas instalações da emissora. Deu gosto de ver, equipamento recém-saído da caixa, maior plataforma de computadores Apple da América Latina. Eles até produziram um software que permite ao anunciante inserir o comercial na programação lá da agência de publicidade.

Só que o consumidor com acesso à internet não aceita mais ser tutelado. Ele quer criar a sua própria programação. Já reparou como quase nada do que os caras modificam agrada, a gente continua reclamando que não encontra coisa nenhuma para assistir na TV?

Temos dezenas de canais, a cada dia surge uma novidade e o que sempre foi bom continua aí. São o mesmo Silvio Santos, a mesma Hebe, o mesmo (ou metade do mesmo) Faustão, a mesma novela das oito e o mesmo "Fantástico". E, no entanto, você morreria de tédio mesmo que alguma produtora de reality show resolvesse trancafiar na mesma fazendinha a Larissa Riquelme, o Berlusconi, o papa e a Rita Cadillac.

Quem se lembra de passar a noite assistindo "telecatch" e se digladiando com palhas de aço em pontas de antenas sabe que a TV deu saltos luzidios de qualidade. O problema não são eles, somos nós, que ficamos muito exigentes.

Tome o jeito que se ouve música. Antigamente você conhecia a música pelo rádio, esperava para ver o LP ser lançado e ia lá comprar. Quase não dormia de ansiedade esperando pelo próximo disco do David Bowie. Hoje, se estou no restaurante e toca uma música que não conheço e me chama a atenção, eu já vou puxando meu celular, acionando o aplicativo Shazam, identificando a música e, em questão de minutos, estou com ela selecionada e comprada.

Não há mais espera, desejo e a valorização daquilo que se quer. Agora é "on demand", aqui e agora, eu posso tudo e não quero mais ver comercial pintado pela frente.
Fala-se muito no fim da imprensa, sendo que já ficou patente que sempre haverá demanda por jornalismo de qualidade. Por que será que a discussão sobre a extinção iminente da TV aberta ainda não empolga ninguém?

 

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