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Galeria Nova Barão atrai órfãos da Galeria do Rock em SP
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REGIANE TEIXEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os recifenses Luciana Xavier e Salvino Figueiredo, ambos de 35 anos, chegaram ao aeroporto de São Paulo numa terça-feira ansiosos para conhecer a Galeria do Rock, antigo reduto de roqueiros. Em sua visita ao local, no centro, eles se depararam com muitas lojas de roupas "street wear", acessórios, equipamentos para skate -e poucas ofertas para quem queria apenas discos. "Já tinha ouvido falar que o perfil da galeria tinha mudado, mas me decepcionei", diz Salvino.
Newton Santos/Hype/Folhapress |
Mateus Mondini e Alemão, donos da loja de punk rock The Records, localizada na Galeria Nova Barão, em SP |
A alguns metros dali, o casal achou os vinis que procurava. Entre as ruas Barão de Itapetininga e Sete de Abril, localiza-se a galeria Nova Barão, que tem 14 lojas de discos e se tornou um novo polo para os fãs de música. "É o mapa da mina. Comprei quatro discos pelo preço de um vendido na Galeria do Rock", conta Salvino, animado.
O andar térreo, com lanchonetes, farmácia e lojas de calçados, não dá pista sobre as opções de vinis de MPB, punk rock ou indie que se concentram no segundo andar. Numa caminhada, é possível encontrar promoções de quatro discos por R$ 10, um vinil raro de João Gilberto e uma coletânea de punk brasileiro dos anos 1980.
Com sotaque norte-americano, o cubano Carlos Suarez, 51, recebe fãs de jazz na Big Papa. Ele chegou ao país em 2006 com a namorada brasileira, Kátia Pimentel, 48, e, mesmo com 30 anos de experiência em gravadoras americanas, não pensava em abrir uma loja de discos. "Nos EUA, o mercado estava ruim, mas logo vi que aqui as pessoas se interessavam."
Frequentador da Nova Barão, decidiu abrir a loja. "Antes de assinar o contrato de aluguel, fiquei uma hora na Galeria do Rock e vi que ninguém comprava discos ali", diz. "Aqui é como na Santa Ifigênia: a pessoa sabe que vai achar o que procura", diz Kátia, referindo-se à rua especializada em eletroeletrônicos.
A oferta é mesmo grande e cresceu no último semestre. Desde o final de 2010, três lojas foram abertas na galeria. E, segundo o síndico, Carlos Garabeto, a busca por imóveis vagos tem crescido.
PÚBLICO NOVO
Uma das responsáveis pela maior procura é a loja de punk rock The Records. Desde outubro de 2010, os sócios Alemão, 31, Kalota, 37, e Mateus Mondini, 28, renovaram o público da galeria ao atrair quem busca material importado e relançamentos de bandas nacionais como Ratos de Porão. "Metade dos clientes são amigos que vêm sempre aqui e acabam comprando em outras lojas", diz Mateus.
O espaço reflete a realidade da cena musical atual, em que os fãs de música não se prendem a um estilo. É o caso do gestor de marketing Daniel Martins, 30, que deixou de comprar discos pela internet para ir até a galeria. Cliente da Locomotiva 
Records, ele diz que conhece novas bandas só de observar as vitrines. "Como as lojas são especializadas, os vendedores têm mais informações. Em outros lugares, as pessoas nem sabem o que estão vendendo."
A ideia de apresentar ao público o que ele ainda não conhece é comum a todos os lojistas. Num espaço de cerca de 10 m2, os irmãos Marcio, 30, e Gilberto Custódio, 33, da Locomotiva, comercializam discos como o da banda australiana de rock indie Tame Impala e o do baiano Tom Zé.
"Vender discos em 2011 é como ter uma loja de antiguidades. Não é para todo mundo, mas tem seu público", diz Gilberto. E eles esperam que, aos poucos, a galeria receba mais gente disposta a conhecê-la.
SERVIÇO
Nova Barão
R. Sete de Abril, 154, centro, São Paulo, SP.
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