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Curador da mostra "Queremos Miles!" comenta discos do músico
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RAFAEL ZANATTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na quarta-feira (19), a exposição "Queremos Miles!" chega a São Paulo e toma o segundo andar do Sesc Pinheiros (região oeste), depois de passar por Paris, Montreal e Rio de Janeiro.
Originalmente exibida na Cité de la Musique, em Paris, a mostra, que celebra a vida e a obra de Miles Davis (1926-1991), traz instrumentos, partituras originais e registros pessoais, além de muitos outros objetos.
E tem mais: no dia 20 a Orquestra Jazz Sinfônica apresenta repertório baseado em composições de Miles Davis. Já nos dias 21, 22 e 23, o baixista Ron Carter, grande parceiro de Miles, faz três shows em homenagem ao músico. Tudo no Sesc Pinheiros.
Divulgação | ||
Miles Davis ganha exposição em São Paulo a partir do dia 19/10 |
Em entrevista à Folha o curador da exposição, Vincent Bessières, falou um pouco sobre "Queremos Miles!", sobre a Cité de la Musique, sobre Miles Dewey Davis III e ainda aproveitou para listar alguns dos álbuns mais importantes da lenda do jazz.
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sãopaulo - Há alguma diferença entre a exposição que aconteceu na Cité de la Musique e a que está no Brasil?
Vincent Bessières - Há um pouco mais de material na que está no Brasil, pois consegui adicionar algumas coisas que refletem as poucas, mas importantes ligações de Miles Davis com o país. Por exemplo, pedi para o percussionista Airto Moreira --que tocou com Miles no final dos anos 1960 e no começo dos 1970-- emprestasse alguns instrumentos para os shows no Rio e em São Paulo. Também conseguimos incluir algumas pinturas do artista japonês nascido na Argentina Kazuya Sakai (1927-2001), que não foram expostas em Paris.
Basicamente dois grupos de pessoas vão visitar a mostra: aqueles que conhecem e aqueles que não conhecem Miles Davis. O que cada um desses grupos pode esperar?
A mostra foi concebida para interessar a qualquer pessoa. Se você não sabe nada sobre Miles Davis, você poderá descobrir sua música e as várias fases pelas quais ele passou como um artista. Se você é um devoto de Miles Davis e conhece sua música de cor, poderá ver pela primeira vez objetos que estão sendo apresentados pela primeira vez: sete trompetes originais que ele usou durante a vida; raros ou nunca antes vistos filmes de Miles (lutando boxe, gravando); manuscritos originais de suas músicas, como "Birth of the Cool" (1949), "Porgy and Bess" (1958); um saxofone de John Coltrane (1926-1967); documentos de arquivos da Columbia Records contando histórias dos bastidores.
Como a exposição foi concebida?
A mostra foi concebida e primeiro produzida pela Cité de la Musique ("Cidade da Música"), em Paris. A Cité é um lugar dedicado à música e organiza exposições temporárias duas vezes por ano, sempre sobre música. Miles Davis foi escolhido por ser o músico que melhor ilustra o jazz. Levei uns dois anos para juntar todo o material. "Queremos Miles!" não é uma exposição comum, já que a maioria das peças vem de coleções privadas --algumas vezes são objetos dos próprios músicos. Eu me reuni com a família de Miles Davis e graças a eles consegui encontrar muita coisa interessante. Aconteceu que em 2009 (quando a exposição foi originalmente produzida) o álbum "Kind of Blue" comemorava 50 anos, o que foi legal. 2011 marca os 20 anos da morte de Davis, então acho que também é um bom motivo para celebrar sua arte.
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Abaixo, veja os álbuns mais marcantes de Miles Davis, selecionados e comentados por Vincent Bessières:
Reprodução |
BIRTH OF THE COOL (1949)
"As sessões que compõem esse álbum tiveram tanta influência que acabaram criando um novo estilo: o cool jazz. Miles Davis, que era um devoto do bebop, estava buscando algo de Charlie Parker (1920-1955), sendo influenciado por Dizzy Gillespie (1917-1993) e acabou encontrando uma música muito diferente: mais calma, suave, fresca. Ele não estava sozinho, mas os outros músicos acabaram escolhendo-o como líder."
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Reprodução |
KIND OF BLUE (1959)
"Esse é um álbum realmente importante, não apenas por ser considerado uma perfeita obra-prima do jazz, mas porque Miles Davis desenvolveu com a ajuda do pianista Bill Evans (1929-1980) uma nova abordagem para improvisação, baseada não mais em acordes. Pode parecer muito técnico, mas teve uma influência duradoura no jazz. Os solistas são simplesmente os melhores do seu tempo, com John Coltrane (1926-1967) e Cannonball Adderley (1928-1975) dividindo a linha de frente com Miles."
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Reprodução |
E.S.P. (1965)
O álbum foi gravado por Miles Davis e seu chamado Segundo Quinteto --uma banda nova que ele formou escolhendo jovens músicos que com grandes habilidades em seus instrumentos: o pianista Herbie Hancock, o baixista Ron Carter, o baterista Tony Williams (1945-1997) e o saxofonista Wayne Shorter. Esses músicos não apenas tinham ideias inovadoras e eram grandes improvisadores, mas também eram ótimos compositores, dando a Miles novas melodias, bastante diferentes dos padrões comuns do jazz.
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Reprodução |
BITCHES BREW (1969)
Esse álbum mostra a grande influência de Jimi Hendrix e do rock do final dos anos 1960 em Miles Davis. Ele mudou muito durante aquela época. Miles costumava juntar músicos no estúdio e dizer-lhes muito pouco sobre o que deveriam tocar --assim, estimulando a improvisação e sua inspiração musical. Chamou um guitarrista e pediu ao seu baterista para tocar batidas de rock. Miles introduziu sons elétricos à sua música e isso realmente abriu novas direções, levando ao fusion jazz.
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Reprodução |
ON THE CORNER (1972)
Miles Davis então tentou juntar à sua música elementos das bandas de James Brown (1933-2006) e Sly Stone. Contratou um baixista que havia trabalhado no estúdio Motown e guitarristas com uma forte pegada de blues. Sua música era mais voltada ao r&b e ao funk e ao mesmo tempo era bastante experimental. Ele tentou atingir as pessoas da rua, mas também estava ligado a uma música bastante concreta, bem contemporânea. O resultado é muito ousado e bem à frente de seu tempo.
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Reprodução |
TUTU (1986)
O álbum foi quase inteiramente concebido pelo produtor e baixista Marcus Miller, que criou as músicas pensando em Miles. Tem alguns elementos típicos dos anos 1980, como os sintetizadores, mas também tem muitas melodias fortes que Miles executa com seu som único. Depois de tantos anos, seu som finalmente se tornara sua assinatura.
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