Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/08/2011 - 07h50

Sede da Al Jazeera, país é mediador no mundo árabe

SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO

O pequeno e rico Qatar não só se mantém imune aos protestos antigoverno que varrem o mundo árabe como tira proveito desses tumultos.

O vendaval que sacode o Oriente Médio joga luz sobre esse país singular que, ao contrário dos vizinhos, transformou a bonança petroleira em Estado de bem-estar e em instrumento de política externa arrojada e popular.

Qatar é cápsula de cultura árabe em versão baixo teor
Bebida alcoólica é rara em Doha, onde hit é fumar shisha
Veja galeria de imagens do Qatar

A liquidez permitiu ao Qatar resistir à instabilidade deflagrada pela crise global de 2008, e o país hoje ostenta a renda per capita mais alta do mundo: US$ 179 mil. Qatar também tem o mais alto crescimento no planeta (16,3% e o desemprego, de 0,5%, perde só para o de Mônaco. Serviços, como saúde e educação, são acessíveis aos 850 mil habitantes.

Marcelo Leite/Folhapress
Prédio em zigue-zague na saída de Doha; capital do Qatar tem construções de arquitetura arrojada
Prédio em zigue-zague na saída de Doha; capital do Qatar tem construções de arquitetura arrojada

PAZ SOCIAL E POLÍTICA

Mas boas condições de vida não bastam para garantir a paz social -a Líbia de Muammar Gaddafi, envolta em conflitos, tem indicadores positivos, incluindo o Índice de Desenvolvimento Humano mais alto da África.

Um cenário de conflito, no entanto, parece improvável no Qatar. Lá, o emir Hamad bin Khalifa al Thani tomou o lugar do pai num golpe não violento, em 1995, e está longe de ser um democrata. Mas implementou um sistema que é um dos mais liberais da região, pelo menos em direitos morais e sociais.

Apesar de baseado numa interpretação conservadora do islã, o Qatar não impõe nenhum código vestuário, ao contrário da vizinha Arábia Saudita. Bebidas alcoólicas são toleradas, com restrições.

O Qatar preza uma liberdade de expressão que, segundo diz, se reflete na TV Al Jazeera, criada, bancada e dirigida pelo emir. A Al Jazeera surgiu nos anos 90 com a promessa de ser a primeira TV do mundo árabe livre de censura. Foi pioneira ao tratar de temas tabus, como a homossexualidade e a corrupção dos regimes árabes, e foi o primeiro canal a dar voz a Israel.

A diplomacia qatariana desde então se confunde com a popular linha editorial da Al Jazeera, e a emissora, que hoje tem um canal em inglês para rivalizar com CNN e BBC, apoia as revoltas árabes e a queda dos ditadores.

Não por acaso, o Qatar foi um dos primeiros países a reconhecer o governo egípcio pós-Mubarak e o Conselho Nacional de Transição dos rebeldes líbios. O governo qatariano admite fornecer dinheiro e armas à insurgência anti-Gaddafi. Em troca, ganhou o direito de ajudar a administrar as reservas de petróleo em território rebelde.

Para os críticos, o Qatar usa a Al Jazeera para praticar uma demagogia e um denuncismo que enxerga problemas nos vizinhos e fecha os olhos ao abusivo poder do emir.

O governo rebate e diz que sua suposta independência política é o que lhe permite ser um mediador geopolítico relevante: ao mesmo tempo um aliado dos EUA (o Qatar hospeda uma importante base americana) e amigo do Irã, interlocutor do Hezbollah que também dialoga ocasionalmente com Israel.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página