Ao menos 55 elefantes morreram de fome no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, nos últimos dois meses, por causa da grave seca que atinge o país.
"A situação é desesperadora", diz Tinashe Farawo, porta-voz da Zimparks, a agência de administração de parques e vida selvagem do país.
A seca reduziu severamente as colheitas no Zimbábue. Um terço da população está precisando de alimentos, em meio também a uma grave crise econômica.
Em agosto, um relatório do Programa Mundial de Alimentos, da ONU, relatou que dois milhões de pessoas estão sob risco de passar fome no país.
Alguns dos elefantes foram encontrados a 50 metros de lagos vazios –sugerindo que eles vieram de longe e morreram pouco antes de chegar às poças d'água.
Farawo diz que os elefantes causaram "destruição maciça" da vegetação em Hwange. O parque tem capacidade para 15 mil elefantes, mas atualmente tem uma população de mais de 50 mil.
A Zimparks, autoridade que administra os maiores parques e reservas do país, mas não recebe fundos do governo, tem tentado cavar poços, mas faltam recursos, diz Farawo.
Segundo Andrew Harding, correspondente da BBC no sul da África, o problema no gigantesco Parque Nacional Hwange não é só a falta de chuva mas a população muito grande de elefantes. O excesso de animais levou alguns deles a sair do parque em busca de comida. No processo, dizem as autoridades, eles já mataram 22 pessoas em vilarejos neste ano.
Por trás de tudo isso está a questão monetária: a crise econômica no país significa que não há recursos para administrar a vida selvagem corretamente.
Uma solução, diz Harding, é vender elefantes para parques estrangeiros, mas essa prática —muitas vezes feita de forma questionável— gerou fortes críticas de especialistas em vida selvagem. Eles dizem que jovens elefantes foram separados de suas famílias e enviados para zoológicos da China com poucas condições de abrigá-los.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.