Em investigação federal, grileiros, e não brigadistas, são suspeitos de incêndios no Pará

Ministério Público requisitou acesso integral ao inquérito da Polícia Civil

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São Paulo

O Ministério Público Federal (MPF) em Santarém (PA) afirmou, em nota divulgada em seu site, que brigadistas e ONGs não estavam entre os suspeitos de terem causado incêndios florestais em área de proteção ambiental em Alter do Chão, no Pará, em setembro deste ano.

Na verdade, a investigação aponta como possíveis responsáveis o assédio de grileiros, a ocupação desordenada da região e a especulação imobiliária.

"Por se tratar de um dos balneários mais famosos do país, a região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas.", diz a nota.

Foi enviado um ofício à Polícia Civil do Pará requisitando acesso integral ao inquérito que acusa brigadistas. Desde setembro, já estava em andamento na Polícia Federal um inquérito com o mesmo tema.

Imagem do incêndio em Alter do Chão (PA) no começo da noite de 15 de setembro
Imagem do incêndio em Alter do Chão (PA) no começo da noite de 15 de setembro - Eugênio Scannavino/Arquivo Pessoal

Foram presos Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. 

Os brigadistas foram presos numa operação que apura a origem dos incêndios que atingiram a região em setembro. Segundo a polícia, uma investigação de dois meses apontou indícios de que ONGs atuaram como causadoras do incêndio. 

Ao todo, o fogo consumiu uma área equivalente a 1.600 campos de futebol e levou quatro dias para ser debelado por brigadistas e bombeiros.

 

Em nota, a Brigada de Alter do Chão informou que, desde 2018, tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais, sempre em parceria com o Corpo de Bombeiros, e que ainda tenta entender o que motivou a prisão dos brigadistas.

"Estamos em choque com a prisão de pessoas que dedicam parte de suas vidas à proteção da comunidade, e certos de que qualquer que seja a denúncia ela será esclarecida e a inocência da Brigada e seus membros, devidamente reconhecida."

A Brigada ainda afirmou que brigadistas têm contribuído desde o início com as investigações policiais e já haviam sido ouvidos pela Polícia Civil, fornecendo informações e documentos às autoridades policiais de forma voluntária. 

A defesa dos brigadistas ainda afirma que não existem requisitos que autorizariam uma prisão preventiva e que atuará para libertá-los da prisão. 

Um dos responsáveis pela defesa dos brigadistas, o advogado Wlandre Leal afirma que a polícia inverteu a ordem do processo legal ao pedir a prisão dos brigadistas com a investigação ainda em andamento.

E defende que não há nenhum elemento que sustente um pedido de prisão preventiva: os quatro brigadistas não têm antecedentes criminais, possuem residência fixa e trabalho lícito. “É uma prisão desnecessária e abusiva.”

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