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Emissões globais de CO2 relacionadas à energia atingiram recorde em 2022

Agência aponta que alta foi menor do que a esperada, graças ao maior uso de fontes renováveis

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São Paulo | AFP e Reuters

As emissões globais de dióxido de carbono (CO2) relacionadas à energia atingiram um recorde de 36,8 bilhões de toneladas no ano passado, disse a AIE (Agência Internacional de Energia) nesta quinta-feira (2).

Apesar disso, a alta foi menor do que era esperado, devido à adoção de mais tecnologias limpas, como energia solar e veículos elétricos, que ajudaram a limitar o impacto do aumento do uso de carvão e petróleo.

A análise mostrou que as emissões globais aumentaram 0,9% em 2022.

Isso acontece ao mesmo tempo em que cortes profundos nas emissões, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, são necessários para cumprir as metas de limitar o aumento na temperatura global e impedir a mudança climática descontrolada, ressaltaram cientistas.

"Ainda vemos as emissões de combustíveis fósseis crescendo, o que dificulta os esforços para atingir as metas climáticas do mundo", disse Fatih Birol, diretor executivo da AIE, em um comunicado. A agência avalia que as energias não renováveis têm "uma trajetória de crescimento insustentável".

Chaminés de petroleira mexicana soltam enormes labaredas alaranjadas, que reluzem contra céu noturno
Emissões de dióxido de carbono associadas ao petróleo cresceram 2,5% em 2022, segundo agência internacional; na imagem, planta da companhia Petroleos Mexicanos em Tierra Blanca, no México - Raquel Cunha - 17.fev.2023/Reuters

As emissões por carvão cresceram 1,6% no ano passado, já que muitos países recorreram a esse combustível mais poluente depois que o preço do gás disparou com a redução no fornecimento russo para a Europa, devido à Guerra da Ucrânia.

As emissões de CO2 do petróleo tiveram alta de 2,5%, mas permaneceram abaixo dos níveis pré-pandêmicos, segundo o relatório. Cerca de metade desse crescimento está associado aumento nas viagens aéreas, que estão se recuperando de uma baixa durante a pandemia da Covid-19.

A menor produção de usinas nucleares e eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, também contribuíram para o aumento das emissões relacionadas à energia, disse a AIE.

Apesar disso, elas foram parcialmente compensadas pela ampliação de fontes de energia renováveis, como eólica e solar, medidas de eficiência energética e veículos elétricos. Isso evitou 550 milhões de toneladas adicionais de emissões de CO2 no ano passado, segundo a agência.

Por regiões, as emissões dos Estados Unidos, aumentaram 0,8%, com uma forte demanda de energia devido às temperaturas extremas enfrentadas pelo país.

Na Ásia (exceto China), elas cresceram 4,2%, puxadas pelo crescimento econômico no continente. A China, onde as restrições relacionadas à Covid-19 estavam em vigor até o final do ano passado, manteve o mesmo nível de emissões de CO2.

Já na União Europeia, os índices caíram 2,5%, graças ao forte investimento em renováveis, impulsionado pela crise energética causada pela guerra.

O relatório da AIE chega apenas algumas semanas depois que grandes petroleiras, como Chevron, Exxon Mobil e Shell, registraram lucros recordes. A BP recuou, ainda, nos planos de cortar a produção de petróleo e gás e reduzir emissões.

"As empresas nacionais e internacionais de combustíveis fósseis estão obtendo receitas recordes e precisam assumir sua parcela de responsabilidade", disse Birol.

Nesta quarta-feira (1), a Petrobras anunciou lucros de R$ 188,3 bilhões em 2022 —os mais altos da história não apenas para a estatal, mas também entre todas as empresas brasileiras.

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