Emirados Árabes propõem sediar cúpula do clima da ONU por dois anos seguidos

Armênia e Azerbaijão estavam na liderança até este mês, quando as tensões se intensificaram

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Aime Williams Attracta Mooney
Financial Times

Os Emirados Árabes Unidos estão se oferecendo como anfitriões de uma segunda cúpula anual da ONU sobre o clima, enquanto as negociações sobre quem liderará a próxima rodada de discussões críticas sobre o aquecimento global permanecem paralisadas devido às tensões geopolíticas decorrentes da guerra da Rússia na Ucrânia.

A medida daria aos Emirados Árabes Unidos, que sediarão a COP28 da ONU em Dubai ainda este ano, uma grande influência sobre a política climática global durante um período de dois anos crucial, quando o mundo precisa concordar com esforços para deter as mudanças climáticas.

A COP29, em 2024, está prevista para ser sediada por um país do leste da Europa, como parte de uma rotação que permite que várias regiões e países presidam o evento, que nos últimos anos tem sido frequentado por dezenas de milhares de pessoas.

Jaber sorri e acena
Sultan Ahmed al-Jaber, presidente da COP28, antes de encontro com Lula, em Belém, em agosto - Ueslei Marcelino - 9.ago.2023/Reuters

Os 23 países que compõem o grupo da COP no leste europeu (EEG, na sigla em inglês) devem concordar unanimemente com o país-anfitrião.

No entanto, a Rússia se opôs a qualquer país-membro da União Europeia como sede da cúpula após a Guerra da Ucrânia. Armênia e Azerbaijão eram os principais candidatos até este mês, mas a tomada de Baku do enclave de Nagorno-Karabakh aumentou as tensões entre os dois países e com a Rússia.

A Alemanha, como sede da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) é a opção padrão caso os países não cheguem a um acordo sobre outra opção, enquanto os Emirados Árabes Unidos permaneceriam como detentores da presidência.

Mas várias pessoas familiarizadas com as discussões disseram que os Emirados Árabes Unidos estavam relutantes em presidir as negociações, a menos que também pudessem sediar o evento.

O escritório da presidência da COP28 afirmou que o país-anfitrião da próxima cúpula climática da ONU precisa ser acordado com os procedimentos adequados. "Isso nem sequer está em nosso radar. Continuamos focados em promover ações climáticas ambiciosas na COP28", acrescentou.

Ao mesmo tempo, a Alemanha "não estava interessada" em sediar a cúpula na sede da UNFCCC, em Bonn, disseram duas pessoas familiarizadas com as discussões, sob o argumento de que a cidade não era grande o suficiente para acomodar a enorme multidão que se reuniria em suas instalações durante a quinzena.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse: "É importante que o grupo EEG tome uma decisão sobre a presidência da COP seguindo os procedimentos da UNFCCC."

Mais de 45 mil pessoas se registraram para participar da COP27, no ano passado, em Sharm el-Sheikh, no Egito, e cerca de 40 mil compareceram no ano anterior em Glasgow.

Outra solução para o impasse seria um país fora do grupo do leste europeu se apresentar com uma oferta para sediar e presidir o evento.

Embora não haja prazo para um acordo sobre a transferência para o próximo país anfitrião da COP, a magnitude do evento e a complexidade das negociações significam que os países geralmente precisam de um ano inteiro para se preparar.

Na COP28 deste ano, os Emirados Árabes Unidos presidirão as negociações de quase 200 países que visam alcançar acordos sobre a chamada avaliação global das emissões e selar acordos para um fundo de perdas e danos relacionados às mudanças climáticas.

Alguns negociadores de países esperam incluir uma redação e um cronograma para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, e novas metas além de 2030, no acordo final.

Ao apresentar a agenda para a COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, o presidente designado, estabeleceu um cronograma flexível para o "meio do século" para a redução dos combustíveis fósseis produzidos sem a captura de emissões.

A União Europeia também afirmou que irá pressionar pelo fim gradual dos chamados combustíveis fósseis não capturados, ou seja, aqueles queimados sem a captura de emissões, "bem antes de 2050".

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