40% dos brasileiros acham que seu bairro não está preparado para clima extremo, aponta Datafolha

Levantamento mostra também que 94% das cidades passaram por calor, chuva ou seca extrema recentemente

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São Paulo

Ao mesmo tempo que quase a totalidade (94%) dos brasileiros sentiu que sua cidade passou por alguma situação climática extrema nas últimas semanas, 40% da população acreditam que o bairro onde vivem não está preparado para esses eventos.

Para um quinto dos entrevistados (19%), o bairro deles está muito preparado para situações de calor extremo, tempestade, enchente ou seca extrema. Já para 37%, a região onde vivem está um pouco preparada para essas ocorrências.

Os dados são de pesquisa feita pelo Datafolha divulgada neste domingo (17), que tratou dos impactos observados e da percepção do brasileiro sobre as mudanças do clima causadas pelas atividades humanas.

Quatro pessoas carregam galões de água enquanto caminham em leito seco de rio
Moradores carregam galões de água perto do rio Parauá, em Careiro da Várzea (AM), durante seca histórica - Bruno Kelly - 26.out.2023/Reuters

O levantamento foi realizado presencialmente, com 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 135 municípios pelo Brasil, no dia 5 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com taxa de confiança de 95%.

Entre os eventos climáticos relatados, 89% disseram que sua cidade passou por calor extremo e 30%, por seca extrema nas últimas semanas.

Do outro lado do espectro meteorológico, 50% afirmaram que houve chuva intensa ou tempestade, e 31% que o município enfrentou enchente ou alagamento.

O ano de 2023, com temperaturas especialmente elevadas pelo fenômeno El Niño e pela crise climática, foi de extremos em todo o país. Só neste ano, o Brasil passou por nove ondas de calor.

Com a atmosfera mais quente, aumenta a concentração de energia no planeta, levando a eventos climáticos mais intensos.

Entre eles, logo nos primeiros meses, tempestades causaram deslizamentos no litoral de São Paulo, deixando um rastro de mortes e famílias desabrigadas. Semanas depois, foi a vez de o Acre sofrer com alagamentos. O nível do rio Acre, que corta a capital Rio Branco, foi o maior dos últimos oito anos.

Já no segundo semestre, o Amazonas sofreu com uma seca que levou rios aos níveis mais baixos da história, isolando comunidades, causando a morte de botos e trazendo problemas de abastecimento. No pantanal, a seca e as altas temperaturas pioraram o estrago das queimadas.

Simultaneamente à falta de água nessas regiões, o Rio Grande do Sul foi atingido por chuvas torrenciais por semanas, levando a enchentes em diferentes cidades.

Questionados quanto à própria moradia, o evento para o qual os participantes da pesquisa acham que suas casas estão pior preparadas é a seca extrema. O melhor nível de preparo dos lares, segundo os entrevistados, é para enchentes ou alagamentos.

A pesquisa também mostra que 85% dos brasileiros relatam ter ventilador em casa, e 24% têm ar-condicionado. Por outro lado, mais da metade da população (53%) está em uma vizinhança com poucas áreas verdes, e quase um terço (29%) habita uma casa feita com materiais que esquentam mais os cômodos. Além disso, em 26% dos lares brasileiros falta circulação de ar apropriada

O levantamento também indica que, em 20% dos lares, há alguém que precise de cuidados, como idosos ou doentes crônicos, e, em 12%, a casa é habitada por muitas pessoas e elas dividem quartos. Além disso, 15% convivem com a falta de água e 11% com cortes de energia no domicílio.

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