Ativistas dizem que ONU está restringindo protestos na COP28

ONGs afirmam que foram impedidas de usar lenços, emblemas e cordões que demonstravam apoio aos palestinos

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Megan Rowling
Reuters

Ativistas na COP28, cúpula climática da ONU em Dubai, disseram nesta sexta-feira (8) que não puderam expressar suas opiniões livremente sobre o conflito em Gaza e que seus protestos em relação ao clima foram afetados por restrições sobre quando e onde poderiam ser realizados.

Tasneem Essop, chefe da Climate Action Network International, uma rede de grupos da sociedade civil, disse que o secretariado climático da ONU proibiu os manifestantes de usar certas frases relacionadas à guerra entre Israel e o Hamas, em Gaza, incluindo "cessar-fogo agora".

Ela e Asad Rehman, diretor-executivo do grupo de justiça social War on Want, com sede no Reino Unido, disseram que outros ativistas foram impedidos de usar lenços, emblemas e cordões que demonstravam apoio aos palestinos, e que a equipe de segurança da ONU os confiscou.

Enquanto usavam esses itens, eles disseram aos repórteres na COP28 que estavam negociando com o secretariado da ONU as regras, que, segundo eles, mudavam diariamente.

"Prometeram-nos que nossos direitos como sociedade civil seriam protegidos aqui —e tudo o que tentamos fazer foi dentro das regras da ONU", disse Rehman, acrescentando que a situação dificultou a comunicação das mensagens.

Quatro pessoas seguram cartaz que diz 'cessar fogo' em inglês
Manifestantes pedem cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas em protesto na COP28, em Dubai - Jewel Samad - 3.dez.2023/AFP

"Nós, como sociedade civil, somos os ouvidos, os olhos e a voz das pessoas em todo o mundo e é por isso que estamos aqui nesta COP."

O local da conferência é designado como território da ONU e está sujeito às regras das Nações Unidas, não às do país anfitrião.

O secretariado climático da ONU disse em um comunicado que estava "comprometido em defender os direitos de todos os participantes, para garantir que as perspectivas de todos sejam ouvidas e que suas contribuições para o desafio climático sejam reconhecidas".

Acrescentou que, dentro da chamada Blue Zone —a área da conferência onde ocorrem as negociações—, "há espaço disponível para que os participantes se reúnam pacificamente e façam ouvir suas vozes sobre questões relacionadas ao clima".

Isso é feito de acordo com as diretrizes de longa data da ONU e com a "adesão às normas e princípios internacionais de direitos humanos", disse o comunicado.

Essop e Rehman disseram que os ativistas não tiveram suas mensagens de protesto sobre questões de mudança climática —como pedidos para acabar com o uso de combustíveis fósseis— vetadas pelo secretariado climático da ONU.

Uma marcha climática e um protesto planejados para a tarde deste sábado (9) dentro da Blue Zone prosseguirão conforme o planejado, acrescentaram.

Mas, segundo eles, o espaço mais amplo para manifestações diárias da sociedade civil nas negociações foi alterada e os horários de protesto na hora do almoço foram cancelados pela ONU, alegando preocupações com o calor.

"Nossa experiência nesta COP, nesta Blue Zone, tem sido muito mais difícil e restritiva do que em qualquer outra ocasião", disse Essop.

Katharina Rall, pesquisadora da Human Rights Watch, disse que sua equipe passou uma semana negociando uma manifestação em apoio aos defensores dos direitos ambientais, o que provavelmente acontecerá agora.

Mas tais esforços estavam consumindo o tempo que, de outra forma, seria gasto em defesa de direitos, disse ela.

"Isso é preocupante para o resultado da conferência e é preocupante, além disso, porque significa que os ativistas climáticos continuam tendo que lutar por seus direitos em vez de realmente poderem fazer o trabalho que precisam fazer", afirmou.

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