Colômbia adere a tratado de não proliferação de combustíveis fósseis na COP28

Para o presidente Gustavo Petro, medida 'não é um suicídio econômico'

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Dubai

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou neste sábado (2) a adesão ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, iniciativa que reúne outros nove países em defesa da eliminação de fontes fósseis de energia, principais causadoras do aquecimento global.

O anúncio aconteceu na COP28, conferência do clima da ONU que acontece em Dubai (Emirados Árabes) até o próximo dia 12. O tratado implica zerar novos investimentos e novas frentes de exploração de combustíveis fósseis, como petróleo e gás.

"Não é um suicídio econômico. Estamos aqui detendo um suicídio de toda a vida no planeta", afirmou Petro, acrescentando que seu país ainda depende do petróleo, mas que, na sua visão, a única forma de salvar a vida no planeta é suspender o seu consumo.

"Parece fácil, mas vemos como ao redor do petróleo e gás há um poderosíssimo interesse econômico, o mais poderoso do capitalismo. E ele atua para frear as mudanças. Para estender, aí sim de maneira suicida, os anos mais que podem acumular de capital", disse Petro.

"Muitos se perguntam: por que um país petroleiro recebe a COP28?", questionou.

Petro discursando ao microfone com bandeiras no fundo do palco
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em discurso na COP28, em Dubai, nesta sexta-feira (1º) - Amr Alfiky/Reuters

Também neste sábado, o presidente Lula, durante evento na conferência, confirmou a entrada do Brasil na Opep+, grupo ligado ao cartel do petróleo da Opep. Para o petista, o ingresso será uma maneira de convencer os produtores de petróleo a acelerarem a transição energética.

"Para Argentina e Brasil, dar esse passo até 100% [de matriz energética limpa], não é difícil. O problema é mais mental. É de audácia", afirmou Petro à Folha.

Sobre a decisão do Brasil aderir à Opep+ sob o pretexto de discutir transição energética, o presidente colombiano afirmou respeitar a decisão.

Em encontro com Lula em agosto, na Cúpula da Amazônia, Petro havia criticado o uso do termo "transição energética" em propostas que visam estender a produção de combustíveis fósseis, o que ele chamou de "negacionismo de esquerda".

O evento de adesão colombiana ao tratado contou com a presença dos chefes de Estado de quatro países-ilha: Tuvalu, Palau, Antigua e Barbuda e Vanuatu —que representam o grupo de países mais vulneráveis ao clima e já têm parte do território comprometido pelo avanço do mar.

"Há um ano, Tuvalu trouxe pela primeira vez o apelo a um Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis para as negociações climáticas da ONU. Hoje, estamos orgulhosos de fazer parte de um bloco de dez nações de quatro continentes que lideram esta proposta, incluindo agora a Colômbia, um grande produtor de carvão e petróleo, está pronta para deixar as suas reservas de combustíveis fósseis no solo", afirmou Kausea Natano, primeiro-ministro de Tuvalu.

"A ação internacional é a única esperança que temos para manter a nossa casa, o nosso povo e as nossas culturas acima da subida dos mares", completou.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus também recebeu a adesão de Petro ao grupo. A OMS é signatária do tratado, junto a 3.000 cientistas e 2.200 ONGs.

A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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