El Niño causará calor acima do normal até maio, diz ONU

Fenômeno é um dos cinco mais fortes já registrados, afirma a Organização Meteorológica Mundial

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Christophe Vogt
AFP

O fenômeno meteorológico El Niño, que alcançou intensidade máxima em dezembro, é um dos cinco mais fortes já registrados, anunciou nesta terça-feira (5) a OMM (Organização Meteorológica Mundial). A entidade prevê temperaturas superiores à média de março a maio no planeta.

"Temperaturas acima do normal estão previstas em quase todas as zonas terrestres entre março e maio", destacou a OMM, organização vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas).

O El Niño "está perdendo força progressivamente, mas continuará tendo um impacto sobre o clima mundial nos próximos meses, alimentando o calor captado pelos gases do efeito estufa emitidos pelas atividades humanas", explicou a organização.

Mulher joga água de mangueira no pescoço
Mulher se refresca com mangueira durante onda de calor em Buenos Aires, na Argentina, no começo de fevereiro - Mariana Nedelcu - 7.fev.2024/Reuters

O El Niño é um fenômeno meteorológico natural, que corresponde ao aquecimento de grande parte do Pacífico tropical. Ele aparece com uma periodicidade de entre dois e sete anos, com duração de nove a 12 meses.

O fenômeno modifica a atmosfera em escala planetária e aquece áreas distantes. O impacto, destaca a OMM, soma-se às alterações climáticas provocadas pelas atividades humanas.

"Há quase 60% de possibilidades de que o El Niño persista entre março e maio e 80% de possibilidades de condições neutras [sem o El Niño ou o fenômeno oposto, La Niña] de abril a junho", indicou a OMM.

"Cada mês desde junho de 2023 registrou um novo recorde mensal de temperatura, e 2023 foi de longe o ano mais quente já registrado", destacou Celeste Saulo, nova secretária-geral da OMM.

Temperatura preocupante em janeiro

"O El Niño contribuiu para as temperaturas recordes, mas os gases do efeito estufa que retêm o calor são, com certeza, os principais responsáveis", disse.

"As temperaturas na superfície dos oceanos no Pacífico equatorial refletem claramente o El Niño. Mas as temperaturas na superfície do mar em outras partes do globo foram persistentes e excepcionalmente elevadas nos últimos dez meses", explica Celeste Saulo, meteorologista argentina que comanda o organismo desde janeiro.

"A temperatura da superfície do mar em janeiro de 2024 foi de longe a mais elevada já registrada para este mês. É preocupante e não pode ser explicado apenas pelo El Niño", alerta.

O atual episódio de El Niño, que começou em junho de 2023, atingiu o pico entre novembro e janeiro.

O fenômeno registrou um índice máximo de quase 2,0°C acima da temperatura média da superfície do mar para o oceano Pacífico tropical oriental e central na comparação com o período de 1991 a 2020.

A OMM indica que existe a possibilidade de que o La Niña, que ao contrário do El Niño provoca a redução das temperaturas, se desenvolva "mais tarde este ano", após um período de condições neutras entre abril e junho. A entidade, no entanto, considera as probabilidades incertas no momento.

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