EUA anunciam esforço para combater crimes contra a natureza na amazônia

A iniciativa visa enfrentar o financiamento ilícito de crimes ambientais, aumentando a cooperação e capacitação regional

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David Lawder
Reuters

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, lançou neste sábado (28) um novo esforço com os governos da bacia amazônica para desmantelar o financiamento ilícito que sustenta crimes contra a natureza, incluindo a extração ilegal de árvores e outras plantas, minerais e vida selvagem.

Yellen disse que a iniciativa visa aumentar a cooperação entre os ministérios das finanças, as agências de segurança e outras entidades de Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Estados Unidos, com o objetivo de melhorar a capacitação para detectar redes financeiras ilícitas que operam na região.

Yellen fala em palanque em palco decorado com vasos de plantas e bandeiras
Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, em discurso em Belém neste sábado (27) - Thiago Gomes/AFP

Os esforços poderão gerar sanções aos grupos responsáveis, isolando-os do sistema financeiro baseado no dólar, disse Yellen ao anunciar a colaboração em Belém, cidade que acolherá a conferência climática COP30 em 2025.

"Globalmente, estima-se que os crimes contra a natureza geram receitas na ordem de centenas de bilhões de dólares por ano e muitas vezes implicam a utilização indevida e o abuso do sistema financeiro dos Estados Unidos", disse Yellen.

Ela afirmou ainda que esse tráfico está perturbando o equilíbrio ecológico da floresta amazônica, os meios de subsistência de comunidades locais e as economias nacionais da região.

A Iniciativa da Região Amazônica Contra o Financiamento Ilícito vai procurar impulsionar o treinamento, a cooperação e o compartilhamento de informações para permitir que as agências policiais e financeiras realizem investigações de lavagem de dinheiro contra organizações criminosas transnacionais, cartéis de drogas e outros grupos.

Os EUA e o Brasil vão organizar uma reunião regional nos próximos meses para definir prioridades para o grupo, enquanto o Tesouro vai preparar sessões de treinamento para ações que "sigam o dinheiro", para aumentar as capacidades dos investigadores, disse Yellen.

O Tesouro dos Estados Unidos também fará investigações conjuntas com os países participantes contra grupos por trás de crimes contra a natureza.

Yellen disse que o Tesouro "não tem ilusões sobre o desafio que enfrentamos". "Há muito mais trabalho a fazer. Mas o reforço da coordenação entre os Estados Unidos e os nossos parceiros regionais ajudará a proteger a integridade do sistema financeiro internacional, ao mesmo tempo que visa uma grande ameaça à biodiversidade", acrescentou.

Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, pediu engajamento do governo dos EUA para o combate aos crimes na região.

"Peço que os Estados Unidos assumam a responsabilidade de liderar os financiamentos necessários e as modelagens no âmbito internacional para permitir o combate às mudanças climáticas, a transição energética, a prioridade de um mundo com emissões zero e, para isso, a solução passa por um aporte relevante e histórico aqui na Amazônia", disse.

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