"Eu quero chorar, mas acabou. Estou muito emocionada." Com lágrimas nos olhos, Larissa Pimenta falava devagar, como se ainda estivesse tentando entender o que se passara havia alguns minutos. Qualquer coisa longe do prosaico, como ganhar uma medalha olímpica. Um bronze, o segundo pódio do Brasil nos Jogos de Paris-2024, o 26° do judô nacional na história olímpica.
Após um dia de combates difíceis, Pimenta bateu a italiana Odette Giuffrida na disputa do terceiro lugar e garantiu o bronze no judô até 52 kg. "Desde a primeira luta eu senti que o dia estava diferente. Não entendia como nem por que, mas me sentia diferente." Foi um dia diferente, a começar pela eliminação surpreendente de Abe Uta, que defendia o título olímpico e protagonizou uma cena de verdadeiro desespero no tatame após a eliminação. Sua algoz, Diyora Keldyorova, do Uzbequistão, ficou com o ouro,
A judoca do Pinheiros, que também praticou luta olímpica e tinha dúvidas em que esporte seguir, contou que passou o dia repetindo uma frase para si mesma: "Eu mereço". "Ainda não acredito, mas consegui."
Vinda da repescagem, em que bateu a alemã Mascha Ballhaus por ippon, Pimenta encarou um início difícil no combate pela medalha. Chegou a tomar duas punições. Aos poucos, a judoca se impôs e tirou a italiana da zona de conforto. Foi a vez de a adversária somar advertências.
"Não entendia o que estava acontecendo. Eu me agachei, mas não sabia se tinha ganhado ou não. Acho que faltou oxigênio na minha cabeça", brincou. Ajudou nessa confusão a atitude da italiana, que a princípio demonstrou não aceitar o resultado –o público na Arena Campo de Marte vaiou a decisão dos árbitros– e relutou em ir ao centro do tatame. Depois, porém, abraçou a brasileira, que chorava muito.
Pimenta, de São Vicente, foi a segunda medalha do judô brasileiro neste domingo (28). Antes, Willian Lima faturou a prata na categoria até 66 kg após ser derrotado por ippon pelo japonês Abe Hifumi, que defendia o título olímpico e é o atleta dominante na categoria há quatro anos.
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