Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/01/2011 - 09h37

Mudanças climáticas ajudaram queda do Império Romano

Publicidade

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Não é a resposta que quem corrige vestibulares espera, mas um novo estudo diz que, entre os fatores que levaram o Império Romano ao fim, está uma mudança climática.

Pesquisadores da Universidade Harvard e de várias instituições europeias mostraram que, no auge da expansão de Roma, o clima era quente e chuvoso. Isso fortalece a agricultura e, assim, ajuda a alimentar grandes exércitos, além de permitir uma economia pujante, evitando insatisfações internas.

Isso aconteceu por volta do ano 100 d.C., quando o Mediterrâneo virou um "lago romano", e o Império chegou a colocar os pés até no norte da atual Inglaterra, onde concluiu, em 126 d.C., a muralha de Adriano, para manter os inimigos afastados.

Uma hora, porém, a prosperidade acabou. A partir do meio do século 3, mudanças climáticas tornaram o Império Romano mais seco e frio.

Segundo o grupo internacional de pesquisadores, que publicou suas conclusões na "Science", isso certamente afetou a produção de alimentos e pode ter estimulado causas tradicionalmente relacionadas à decadência de Roma, como a inflação.

Certamente políticas monetárias erradas colaboraram para piorar o cenário de crise econômica, dizem, mas não é por isso que se deve, nas palavras de Jan Esper, da Universidade Johannes Gutenberg (Alemanha), "seguir a crença comum de que civilizações estão isoladas de variações ambientais".

Para saber como era o clima há tanto tempo, os cientistas analisaram 9.000 pedaços grandes de madeira antiga. A maioria veio de restos de construções e artefatos de madeira na Europa.

Editoria de Arte/Folhapress/Editoria de Arte/Folhapress

Cada ano cria um anel único no tronco da árvore. Pacientemente, os cientistas foram retrocedendo, comparando pedaços de madeira cada vez mais antigos.

Conforme a grossura desses anéis, é possível saber quanto choveu e se fez frio ou calor naquele ano.

Os cientistas destacam que a existência de mudanças climáticas em um período pré-Revolução Industrial não significa que o aquecimento global contemporâneo seja natural.

"O que está acontecendo agora não tem precedentes, é muito mais rápido", dizem os cientistas.

A ideia de que fatores ambientais, mais do que políticos, levam sociedades ao colapso ganhou força em 2005, quando o biogeógrafo americano Jared Diamond lançou o livro "Colapso". Nele, Diamond mostra como coisas como a exploração excessiva da madeira ou da pesca levaram sociedades à crise.

Não existia grande material científico, em 2005, sobre como o ambiente tinha atingido Roma. Os romanos, ao menos, não tiveram culpa pelas mudanças no clima que atingiram seu Império.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página