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Expedição encontra últimas árvores gigantes da mata atlântica; veja fotos

Em 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore; mais de 2.000 espécies no Brasil estão ameaçadas

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São Paulo

A exuberância das árvores gigantes chama a atenção do botânico Ricardo Cardim desde que ele era criança. “Sempre as achei fascinantes e pensava como é que podiam crescer tanto”, conta. “Mas elas foram sumindo. São uma sombra da floresta original. Hoje temos árvores jovens que não tiveram tempo de crescer.”

Nos últimos três meses, Cardim, o fotógrafo Cássio Vasconcellos e o botânico Luciano Zandoná viajaram para Santa Catarina, Paraná, São Paulo (litoral e interior do estado), Espírito Santo, Bahia e Alagoas em busca das árvores gigantes remanescentes da mata atlântica

Para achá-las, a dupla contou com a ajuda de acervos históricos, botânicos com grande experiência de campo, funcionários de parques e reservas e dicas via redes sociais. 

O trabalho colaborativo deu frutos: 90 indivíduos foram fotografados.

A menina dos olhos do botânico é uma figueira, a maior de que se tem conhecimento na mata atlântica, com mais de 40 m de altura e 21,40 m de circunferência, localizada na reserva Legado das Águas, da Votorantim, no estado de São Paulo. Cardim descreve como surreal encontrá-la a apenas cerca de 90 km da capital paulista, após percorrer 11 km de caminhada dentro da reserva.

Outro grande achado —literalmente— foi a segunda maior árvore do estado de São Paulo, um jequitibá-rosa com mais de 40 m de altura batizado de Matriarca, por ficar próximo do jequitibá-rosa conhecido como Patriarca. Esse último, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), é considerado a árvore mais antiga do Brasil, com idade estimada de 3.000 anos.

A  descoberta do Matriarca foi feita em conjunto com Waldonésio Nascimento, agente do parque estadual do Vassununga, e Fabrício Cunha, gestor do parque da Fundação Florestal.

Completa o top 3 a maior árvore conhecida de pau-brasil do país, com cerca de 25 metros de altura. A árvore que deu nome ao país começou a ser explorada com a chegada dos portugueses e chegou a ser considerada extinta. 

Para Cardim, as árvores remanescentes contam uma história da mata atlântica. “Muita gente hoje acha que a mata é só um fragmento perto da casa de praia”, diz ele.

No ano passado, Cardim foi o curador da exposição “Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB” no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. A ideia era conectar os móveis antigos com as árvores que deram origem a eles. Fotos antigas da mata contam a história dela e de seu desmatamento.

A própria localização do museu, às margens da antiga várzea do rio Pinheiros, abrigava formações florestais de matas ciliares em diques úmidos e secos que foram suprimidas e aterradas.

“Na exposição, muita gente me perguntava se ainda existiam muitas das árvores centenárias retratadas nas imagens. E não se sabia. Faltava preencher essa lacuna.”

Para Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, o projeto reforça a importância da preservação da floresta. "O trabalho do Ricardo vem educando a população sobre o que ainda temos de riqueza. É importante saber como a mata era antes para de alguma forma tentar reconstitui-la." 

Hoje, sobram apenas 12,4% da mata atlântica original. "O que temos são ilhas de florestas espalhadas em locais como a serra do Mar, a serra da Mantiqueira, em encostas, no Vale do Ribeira, onde estão as maiores reservas contínuas."

Na cidade de São Paulo, sobra 17% de toda a mata atlântica original. Aqui, ela pode ser vista nos parques Trianon e Burle Marx, por exemplo.

Mas há boas notícias: o desmatamento na mata atlântica em 2017 foi o menor registrado desde os anos 1980, quando começou o monitoramento sistemático das ameaças ao bioma.

A expedição de Cardim e Vasconcellos foi possível graças ao patrocínio de Fibria Celulose, Reservas Votorantim, Viveiros Fábricas de Árvores e Café Orfeu. O retrato das árvores virará um livro, a ser lançado em novembro pela editora Olhares.

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