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Biofábrica distribui joaninhas para combate de pragas em BH

Projeto já distribuiu 80 mil insetos, que podem substituir agrotóxicos em hortas

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Conselheiro Lafaiete (MG)

Presença frequente nos desenhos animados e conhecida como um inseto bonitinho, as joaninhas também podem ser muito úteis no combate a pragas na agricultura. Carnívoras, elas podem se alimentar de pulgões, cochonilhas e outros invasores que atacam as plantações.

A partir desse potencial das joaninhas, a prefeitura de Belo Horizonte criou uma biofábrica que cria e distribui os insetos. O principal objetivo é potencializar o controle biológico de pragas nas áreas verdes e hortas urbanas da cidade.

Equipe trabalhando na biofábrica de joaninhas em Belo Horizonte - Amira Hissa /Prefeitura de Belo

De acordo com Dany Silvio Amaral, coordenador do projeto e diretor de gestão ambiental da secretaria de meio ambiente de Belo Horizonte, por se alimentar dos parasitas, as joaninhas funcionam como uma alternativa ao uso de agrotóxicos e venenos, potencializando uma agricultura orgânica e agroecológica.

A motivação inicial para o projeto surgiu quando as árvores fícus da capital de Minas Gerais foram infestadas por moscas brancas. Metade dos fícus precisaram ser cortados devido a infecção entre os anos de 2013 e 2014. Começou-se a pensar em possíveis soluções para o problema.

Em 2017, uma iniciativa francesa de controle biológico de pragas em jardins com uso de joaninhas despertou o interesse de profissionais da secretaria de meio ambiente de BH.

"Pensamos que não seria muito difícil fazer a mesma coisa aqui. Era uma boa alternativa para fazer o controle biológico das moscas brancas nos fícus e também auxiliar na agricultura urbana e nas hortas comunitárias, que são muito fortes na cidade", diz o diretor.

Criada em 2018, a biofábrica está localizada no parque das Mangabeiras. De 2019 ao final de 2021, foram distribuídas cerca de 80 mil joaninhas. A meta para o ano de 2022 é distribuir 50 mil insetos.

Amaral, que é engenheiro agrônomo e doutor em entomologia, especialidade que estuda os insetos, diz que a ideia é trabalhar com joaninhas que já estão presentes na fauna da cidade. Os insetos foram coletados na natureza e levados para o laboratório, onde recebem acompanhamento para reprodução e desenvolvimento adequados.

Parte da produção é mantida na biofábrica, para manutenção do processo. O restante é destinado aos interessados ainda na fase de larva, para o uso no controle biológico.

"Elas são distribuídas na fase de larvas por dois motivos. O adulto pode voar, você libera ali na planta, ele pode ir embora e você não consegue fazer o controle. Além disso, a larva também é muito mais voraz. Como elas precisam se desenvolver, chegam a comer de 40 a 50 pulgões em um dia", explica Amaral.

Qualquer morador de Belo Horizonte pode fazer a solicitação dos insetos por meio do portal de serviços da prefeitura. A pessoa então recebe gratuitamente um kit com cerca de 30 larvas de joaninha e instruções sobre como manusear os animais e sobre a importância ambiental do controle biológico.

A engenheira agrônoma Ingrid Araújo é criadora de uma start-up que produz hortas urbanas em Belo Horizonte de maneira agroecológica. Ela monta hortas em caixas para os clientes e também faz manutenção em plantas de casas, prédios, restaurantes e estabelecimentos comerciais.

Ingrid descobriu a biofábrica através de professores, ao procurar por alternativas para o uso de agrotóxicos no tratamento das plantas. Desde 2019, ela utiliza as joaninhas para combater pulgões em hortaliças como couve e rúcula.

"É uma solução fácil e ainda é bonito, as pessoas gostam de ver joaninhas na horta delas. Também ajuda que as pessoas conheçam as fases da joaninha. Alguns chegam até a matar quando está na fase de larva, achando que é algum outro bicho", diz ela.

A engenheira agrônoma Ingrid Araújo - Ingrid Araújo/Acervo pessoal

Já a auxiliar administrativa Helena Brito fez o pedido das joaninhas para usar na horta da própria casa. Segundo ela, os insetos foram eficientes para resolver o problema dos pulgões que atacavam as hortaliças.

Além disso, ela diz que outro ponto positivo dos kits é o didatismo, que possibilita que qualquer pessoa consiga usar as joaninhas e entender como funciona o controle biológico.

"A cartilha que eles mandam é bem explicativa, mesmo para quem é leigo no assunto. Todo mundo consegue compreender como funciona o processo e também a importância da biofábrica para o equilíbrio ambiental", diz ela.

Além da distribuição das joaninhas, o projeto também atua para um aumento da população dos insetos, doando sementes de plantas que os atraem. Alguns exemplos dessas plantas são funcho, milho, girassol e erva-doce.

"A joaninha é muito sensível ao ambiente, então quanto mais urbanizado é o ambiente, quanto menos biodiversidade ele tem, menos joaninha a gente vai ter. Antigamente as casas tinham mais quintais e mais hortas, a cidade tinha mais espaços verdes e isso foi reduzindo no processo de urbanização", diz Dany Amaral.

Para potencializar suas ações, a biofábrica também desenvolve projetos de educação ambiental, visitando escolas e recebendo estudantes. Segundo o diretor, o objetivo é difundir a importância ambiental das joaninhas, do controle biológico e do aumento da biodiversidade na cidade.

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