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'Perdi a esperança na agricultura', diz produtora sul-coreana após clima extremo devastar colheita

Plantação que estava prestes a ir para o mercado foi totalmente perdida após chuvas fortes seguidas de calor extremo

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Minwoo Park Daewoung Kim
Nonsan (Coreia do Sul) | Reuters

Kwon Gye-soon, 66, é agricultora há mais de 25 anos, mas ela não tem esperanças de se recuperar desta vez. As enchentes causadas pelas mudanças climáticas em julho devastaram sua plantação de melancias e sua safra danificada agora apodrece no calor extremo.

Chuvas torrenciais varreram as terras agrícolas na região central da Coreia do Sul no mês passado, deixando mais de 40 mortos ou desaparecidos e grandes áreas de campos inundados —incluindo os 4.960 m2 de estufas de Kwon, na cidade de Nonsan.

A produtora de melancias Kwon Gye-soon em meio à plantação apodrecida em sua fazenda em Nonsan, na Coreia do Sul - Minwoo Park - 31.jul.2023/Reuters

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, alertou que eventos climáticos extremos devem ser esperados como o normal, devido às mudanças climáticas. Porém, as vítimas e os danos extensos a propriedades e terras agrícolas pelo segundo ano consecutivo têm gerado dúvidas sobre a preparação do país.

A agricultora estava quase pronta para enviar suas melancias para o mercado quando dias de chuvas intensas atingiram a região (cerca de 200 km ao sul da capital, Seul), em meados de julho. Tempestades destruíram a margem de um rio próximo, que transbordou, devastando sua plantação.

"Essas melancias eram como meus próprios filhos. Elas deveriam ser enviadas ao mercado em 10 dias, mas estão apodrecendo nos campos", disse ela à agência de notícias Reuters, no calor sufocante desta semana, mostrando as frutas apodrecendo nas estufas. "Eu não sei o que fazer para a próxima safra. É tão difícil e triste".

Propriedades vizinhas também sofreram danos semelhantes devido ao colapso da margem do rio em 16 de julho. Apenas em Nonsan, mais de 1.690 fazendas, numa área total de cerca de 1.057 hectares, foram danificadas por fortes chuvas no auge da temporada de monções, conforme registros da prefeitura.

No último dia 19, o governo sul-coreano designou Nonsan e outras 12 áreas afetadas por fortes chuvas como zonas especiais de desastre para apoiar os trabalhos de recuperação e fornecer ajuda financeira. Yoon repetiu a promessa de recuperação rápida e compensação nesta semana.

No entanto, desde o final de julho, uma onda de calor severa tem prejudicado os esforços de recuperação e preparação do cultivo do próximo ano.

Kwon disse que esta foi a primeira vez que condições climáticas extremas causaram danos tão graves desde que ela começou a cultivar melancias, há 10 anos.

"Eu estava preocupada com a chuva forte. Mas depois da chuva forte, agora o clima está extremamente quente. Estou exausta. Perdi a esperança na agricultura", disse ela.

Melancias podres são vistas na estufa da agricultora Kwon Gye-soon após fortes chuvas e ondas de calor em Nonsan, na Coreia do Sul - Minwoo Park - 31.jul.2023/Reuters

Os agricultores pediram por ações de adaptação mais fortes para o aquecimento global e solicitaram ao governo a construção de mais instalações para prevenir danos causados por mudanças climáticas extremas.

Vizinho de Kown, o produtor Lee Gun-ho, 60, que cultiva alface e morangos, diz que a agricultura sempre é complicada quando se trata de clima, mas condições mais extremas estão ocorrendo com mais frequência e de forma inesperada.

"Quando comecei a trabalhar na agricultura, não havia chuvas repentinas e inesperadas", disse Lee. "No entanto, está ficando mais quente e as chuvas intensas e repentinas estão ocorrendo com muito mais frequência. Isso está além das habilidades individuais".

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