Descrição de chapéu mudança climática

Alta temperatura do oceano provoca desastre ambiental no sul da Flórida

Pesquisadores resgatam os corais dos recifes, que correm o risco de morrer devido ao aquecimento das águas

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Gerard Martinez
Summerland Key | AFP

O sul da Flórida (EUA) enfrenta uma catástrofe. Ao longo da extensa costa de recifes do arquipélago Florida Keys, dezenas de pesquisadores trabalham contra o tempo para resgatar os corais dos recifes, que correm o risco de morrer devido ao grande aumento da temperatura do oceano.

Funcionários de organizações locais navegaram diariamente, nas últimas duas semanas, até os viveiros que instalaram no mar, a fim de coletar amostras de cada espécie de coral antes que seja tarde demais.

O objetivo é mantê-los a salvo em diversos laboratórios da região, onde serão conservados em tanques com água salgada na temperatura ideal para eles.

Peixes nadam em recifes de coral em Key West, na Flórida, que estão ameaçados pelo aquecimento do oceano
Peixes nadam em recifes de coral em Key West, na Flórida, que estão ameaçados pelo aquecimento do oceano - Joseph Prezioso - 14.jul.23/AFP

Esses seres vivos sobrevivem entre as temperaturas de 21º C e 28,8º C, explicou o coordenador de tecnologia da ONG Coral Restoration Fundation, Alex Neufeld.

Mas se o mar está quente demais, os corais expulsam as zooxantelas — algas que vivem em seus tecidos e fonte de alimentação, energia e coloração.

Os corais ficam brancos quando isso acontece, um sinal de que correm risco de vida caso a condição do ambiente não mude.

As temperaturas da água no estreito da Flórida ultrapassaram os 32º C há dias. A baía Manatee bateu seu recorde na segunda-feira e atingiu 38,38º C.

"A água morna não é boa para nenhum organismo marinho, sejam corais, peixes, lagostas", diz Neufeld. "Portanto, corremos o risco de ver mortes em massa de peixes, tartarugas marinhas" e outras espécies.

A magnitude do branqueamento dos corais e o fato de ter ocorrido tão cedo, com grande parte do verão ainda por vir, são as maiores preocupações dos cientistas.

O recife da Flórida, um dos maiores do mundo, se estende por cerca de 580 quilômetros das Ilhas Dry Tortugas — 110 quilômetros a oeste de Keys — até St. Lucie Inlet, a quase 200 quilômetros ao norte de Miami.

Seu papel no meio ambiente é fundamental. Além de ser o habitat de diversos animais marinhos, constitui uma das principais barreiras de proteção contra furacões e ressacas.

Impacto econômico

Brian Branigan, um capitão de 65 anos e dono de uma empresa de aluguel de barcos em Big Pine Key, uma região do arquipélago, é uma testemunha da degradação diária dessa barreira de recifes.

"O que aconteceu nas últimas duas semanas é terrível, chocante. Eu queria chorar enquanto estava na água, mergulhando", diz ele, enquanto pilota uma lancha para o recife Looe Key, a cerca de 10 km da costa.

Ali, a poucos metros da superfície do mar, nadam barracudas, peixes-papagaio e peixes-cirurgião no local do desastre. Ao lado, os normalmente coloridos corais do recife são agora uma enorme mancha branca.

Homem de meia idade, usando boné e óculos escuros, de braços cruzados no convés de um barco
Brian Branigan, 65, capitão de um barco que leva turistas para fazer mergulho em Florida Keys há 15 anos se diz preocupado com o futuro dos corais - Gianrigo Marletta - 28.jul.23/AFP

Negócios como o dele, que levam turistas para pescar ou mergulhar, dependem muito da sobrevivência dos recifes de corais.

"Estamos preocupados com o impacto pessoal e financeiro. Tenho certeza de que isso terá alguma consequência negativa, até mesmo catastrófica", lamenta Branigan.

De acordo com o Escritório Nacional de Gerenciamento Oceânico e Atmosférico, os recifes de corais da Flórida geram US$ 2 bilhões (R$ 9,4 bilhões) em receita local e 70.400 empregos, em período integral ou meio período.

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