Descrição de chapéu mudança climática

Reino Unido anuncia centenas de licenças para exploração de petróleo e gás no Mar do Norte

Anúncio expõe Rishi Sunak a duras críticas sobre seriedade de seu compromisso na área ambiental

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RFI

O governo britânico prometeu nesta segunda-feira (31) "centenas" de novas licenças para a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. O posicionamento do primeiro-ministro Rishi Sunak foi, no entanto, criticado por ONGs ecologistas. O Greenpeace, por exemplo, considera a concessão ilegal.

O anúncio também é questionado tanto pela maioria conservadora quanto pela oposição trabalhista, por conta dos custos que os britânicos, duramente atingidos pela inflação, vêm pagando por políticas verdes.

Com a decisão, Rishi Sunak expõe o Executivo a duras críticas sobre a seriedade de seu compromisso com o meio ambiente. Além disso, o primeiro-ministro também se opõe diretamente aos trabalhistas, que encabeçam as intenções de voto para as próximas eleições legislativas em 2024. A oposição quer acabar com a concessão de novas licenças de exploração de petróleo e gás no Mar do Norte.

Homem de terno preto, camisa branca e gravata azul
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, que anunciou nesta segunda-feira (31) a ampliação da exploração de petróleo e gás - Justin Tallis - 19.jun.2023/AFP

"Todos nós testemunhamos como [o presidente russo, Vladimir] Putin instrumentalizou a energia ao interromper o fornecimento [de gás], paralisando o crescimento em países ao redor do mundo", disse o primeiro-ministro conservador em um comunicado.

"É mais vital do que nunca fortalecermos nossa segurança energética e capitalizarmos essa independência para levar energia mais acessível e limpa para residências e empresas do Reino Unido", acrescentou Sunak.

O chefe de governo britânico argumentou que, mesmo quando o Reino Unido alcançar sua meta de neutralidade de carbono, em 2050, um quarto da demanda de energia do país virá do petróleo e do gás.

O Greenpeace denunciou uma "cínica manobra política para semear a divisão", que faz do clima "um dano colateral".

"Ao mesmo tempo em que incêndios e inundações devastam casas e vidas em todo o mundo, o governo de Rishi Sunak decidiu recuar nas principais políticas climáticas", disse Philip Evans, gerente climático da organização ambientalista no Reino Unido.

Primeiras licenças no segundo semestre de 2023

O governo britânico diz que o apoio à exploração de petróleo e gás no Mar do Norte ajudará a manter mais de 200 mil empregos. As primeiras novas licenças devem ser emitidas no outono (do hemisfério norte).

O governo também revelou os dois primeiros locais de captura e armazenamento de gás carbônico (CO2) no Mar do Norte, um setor que provavelmente sustentará até 50 mil empregos. Mas alguns ambientalistas acusam que essa tecnologia de pode servir de desculpa para a exploração contínua de combustíveis fósseis.

Um "verniz verde", denunciou a ONG Amigos da Terra. Se esta tecnologia chegar a funcionar, o que a organização questiona, ao menos no curto prazo, ainda assim não captaria "toda a poluição climática causada pela combustão de combustíveis fósseis" ou as emissões durante o processo de extração.

Envolvido em um dos projetos, o grupo Shell saudou um "programa central" para "descarbonizar as operações no Mar do Norte".

'Apatia' na ação climática

"Faremos a transição para a neutralidade do carbono", disse Rishi Sunak à BBC Escócia. "Mas faremos isso de maneira proporcional e pragmática, o que não necessariamente aumentando o fardo ou o preço das contas das famílias".

De acordo com uma pesquisa YouGov realizada no primeiro semestre do ano, 65% dos britânicos dizem estar preocupados com as consequências da mudança climática, mas a maioria se opõe a medidas que exigiriam esforço pessoal.

O Reino Unido já registra os efeitos do aquecimento global. Um relatório dos serviços meteorológicos alertou recentemente que as temperaturas recordes do verão de 2022, quando os 40°C foram ultrapassados, serão consideradas "frescas" até o final do século.

No final de junho, o secretário de Estado responsável pelo clima no Ministério das Relações Exteriores, Zac Goldsmith —próximo ao ex-primeiro-ministro Boris Johnson—, deixou o governo, acusando, em particular, Sunak de não estar interessado no meio ambiente.

Goldsmith denunciou a "apatia" do Executivo em relação à mudança climática.

Com informações da AFP

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