Oceano absorve mais carbono do que o previsto, aponta estudo
Graças ao fitoplâncton que morre e vira 'neve marinha', mar absorveria cerca de 20% a mais do que o estimado até agora
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O oceano absorve, através do fitoplâncton, 20% de carbono a mais que o estimado até agora, segundo um estudo científico publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature.
"É um cálculo importante e reforça o papel da biologia dos oceanos na absorção de carbono no longo prazo", declarou à AFP Frédéric Le Moigne, oceanógrafo e biólogo marinho no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica da França), coautor deste estudo, realizado com pesquisadores chineses e americanos.
O novo cálculo chega a 15 bilhões de toneladas anuais, ou seja, um aumento de 20% em relação aos cálculos mencionados pelo IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), em 2021, segundo um comunicado do CNRS.
A absorção ocorre graças ao fitoplâncton, que transforma o CO2 em tecido orgânico por fotossíntese. Ao morrer, parte desse fitoplâncton flui da superfície do oceano sob a forma de "neve marinha".
Para medir estes fluxos de "neve marinha", os pesquisadores se baseiam em dados existentes de concentração de carbono no oceano, medidos por navios oceanográficos, ressalta o pesquisador.
"Graças a esta simulação digital, conseguiu-se reconstruir os fluxos globais e especialmente regionais onde não se fazia nenhuma medição dos fluxos", acrescenta.
Trata-se "de calcular quanto [carbono] chega realmente ao fundo do oceano", a 3.800 metros de profundidade média, sem ser devorado por organismos marinhos, afirma Le Moigne.
Ao chegar ao fundo do oceano, esta "neve marinha" se transforma em sedimento e em pedra, absorvendo carbono por períodos longuíssimos.
O cálculo feito pelos cientistas mostra que "preservar a biodiversidade é crucial para garantir este processo de absorção biológica de carbono, pois estamos diante de um fluxo ainda mais importante do que se pensava", ressalta o pesquisador do Lemar (Laboratório das Ciências do Meio Ambiente Marinho) de Plouzané, perto de Brest.
"O aquecimento global poderia fragilizar este processo de absorção biológica", adverte.
Atualmente, estima-se que o oceano absorva cerca de 30% do carbono liberado na atmosfera pelas atividades humanas, principalmente através da dissolução do carbono nos mares polares.
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