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Acordo permitirá instalação de unidade do Instituto Pasteur em São Paulo

Criação de uma unidade da instituição de pesquisa francesa no Brasil foi definida durante evento comemorativo

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André Julião
Agência Fapesp

O Governo do Estado de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Pasteur, da França, firmaram na última segunda-feira (4) um acordo para a criação de uma unidade da instituição de pesquisa francesa no Brasil. Durante a cerimônia, que também celebrou os 60 anos da Fapesp, a Fundação renovou por mais um ano seu apoio à Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês), conjunto de laboratórios que vai abrigar a unidade brasileira do Pasteur.

Ainda durante o evento, foi inaugurado um busto de Louis Pasteur presenteado pelos franceses, em comemoração aos 200 anos de nascimento do cientista.

Laboratório de biossegurança nível 3 que integra a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) - Antônio Volga/divulgação

Instalada na USP há três anos, a SPPU abriga pesquisas voltadas a desenvolver diagnósticos, tratamentos e vacinas contra doenças infecciosas emergentes e negligenciadas, transmitidas por patógenos que causam respostas imunes complexas e que produzam distúrbios no sistema nervoso, como os vírus zika e SARS-CoV-2.

"A USP, a Fapesp e o Instituto Pasteur são os patrocinadores da iniciativa, mas, em adição ao suporte que já fornecemos, abrimos uma chamada internacional para atrair jovens pesquisadores do mundo todo. Devemos comemorar ainda a adição do novo patrocinador, que é o governo de São Paulo", afirmou Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp.

O Programa G4, como é chamado, visa atrair jovens talentos que não tenham vínculo com uma instituição brasileira ou estrangeira. Serão três editais. Além do lançado agora, haverá mais um em 2023 e o terceiro em 2024.

Ao final dos quatro anos do projeto, cada pesquisador principal poderá concorrer a uma vaga de docente, oferecida pela USP ou pelo Instituto Pasteur para trabalhar permanentemente na plataforma.

"Mesmo que a Plataforma Científica Pasteur-USP esteja em seu terceiro ano, a transformação para uma unidade do Instituto Pasteur no Brasil, que deve acontecer nos próximos seis meses a um ano, vai fazer com que nossa participação na rede Pasteur seja plena. Isso significa que nós vamos poder interagir com os outros 32 institutos da rede internacional, promover a mobilidade de pesquisadores de um lado para o outro, dos cinco continentes, e a complementaridade das pesquisas", explicou à Agência Fapesp Paola Minoprio, coordenadora-executiva da SPPU.

Para Luis Carlos de Souza Ferreira, que coordena a plataforma ao lado de Minoprio, "estamos construindo algo que vai continuar para as próximas gerações, construindo um apoio mais forte à saúde dos brasileiros e à educação dos estudantes que vierem no futuro", afirmou durante a abertura da cerimônia.

Em depoimento enviado por vídeo, o presidente do Instituto Pasteur, Stewart Cole, lembrou que, por meio de sua contribuição para a saúde pública durante a pandemia, a plataforma tornou-se parte integral do cenário científico do Estado de São Paulo.

"Essa é uma constante lembrança da importância da colaboração em um mundo cada vez mais fragmentado. Essa fragmentação enfraquece a todos nós. Portanto, é essencial manter e desenvolver fortes colaborações bilaterais e multilaterais pelo interesse da saúde pública global", afirmou Cole.

Também esteve presente o secretário-executivo de Relações Internacionais do Governo do Estado de São Paulo, Affonso Massot, que ressaltou que a assinatura do acordo "demonstra a vontade política em torno da criação, mais do que de uma plataforma, de uma unidade do Instituto Pasteur", disse.

Na mesma ocasião, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade de Lima, e o vice-presidente-executivo do Instituto Pasteur, François Romaine, assinaram acordo para a criação de uma plataforma científica conjunta em Fortaleza, no Ceará.

A primeira parte do evento pode ser assistida aqui.

Pesquisas sobre a Covid

Durante a segunda parte do evento, pesquisadores vinculados à SPPU apresentaram os esforços realizados durante a pandemia de Covid-19, como o estudo que mostrou que o SARS-CoV-2 pode ficar no organismo por tempo superior ao recomendado para a quarentena, coordenado por Minoprio.

Edison Durigon relatou o primeiro isolamento do vírus Sars-CoV-2 no Brasil, conduzido por sua equipe, que possibilitou a realização de testes no país logo no começo da pandemia.

Além disso, falou sobre as pesquisas focadas nas respostas de anticorpos neutralizantes às vacinas em uso no país e da demonstração de segurança do soro de convalescentes como tratamento emergencial contra a Covid-19.

Jean Pierre Peron apresentou os resultados das pesquisas sobre o efeito da infecção pelo coronavírus no cérebro, mais especificamente sobre os impactos metabólicos da Covid-19 no sistema nervoso central. O grupo do pesquisador mostrou, por exemplo, que o Sars-CoV-2 aumenta o gasto energético de células do cérebro para se replicar.

Outra pesquisadora da SPPU, Patrícia Beltrão Braga, falou sobre os trabalhos realizados em seu laboratório usando minicérebros para o estudo de desordens de neurodesenvolvimento e os possíveis caminhos inflamatórios em comum entre elas.

Helder Nakaya apresentou diferentes ferramentas de bioinformática usadas por seu grupo para o estudo da Covid-19.

Por fim, Ferreira mostrou os esforços da sua equipe, que testa diferentes tecnologias de vacinas.

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