Imagem rara mostra para-raios em ação em São José dos Campos (SP)
Cientistas estavam no lugar certo, na hora certa e com o equipamento certo
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Benjamin Franklin inventou os para-raios no século 18, e desde então os dispositivos protegem edifícios e pessoas das forças destrutivas dos raios. Mas os detalhes de como eles funcionam ainda são objeto de pesquisa científica.
Embora os modernos sistemas de proteção contra raios envolvam equipamentos extras que os tornam mais eficientes, o para-raios em si é bastante simples: uma haste de cobre ou alumínio colocada acima do ponto mais alto de um edifício, com fios conectados ao solo. Quando um raio atinge um prédio, ele preferencialmente passa pela haste —o percurso de menor resistência— e depois segue pelos fios até o solo, protegendo o prédio e seu conteúdo das correntes e tensões extremamente altas produzidas pelo raio.
Mas uma haste não espera que o raio caia. Menos de 1 milissegundo antes de a descarga tocá-la, a haste, provocada pela presença da descarga negativa do raio, envia uma descarga positiva para cima, para conectar-se a ela.
Recentemente, pesquisadores brasileiros tiveram a sorte de fotografar esse evento com câmeras de vídeo de alta velocidade e altíssima resolução. Eles captaram a ação elétrica em São José dos Campos, na região nordeste do estado de São Paulo.
Os cientistas estavam no lugar certo, na hora certa e com o equipamento certo para captar 31 dessas descargas ascendentes conforme elas aconteciam. Com sua localização, a cerca de 150 metros dos raios, e sua câmera que registra 40 mil imagens por segundo, eles conseguiram tirar fotos nítidas e fazer um vídeo em câmera lenta do que acontece no instante antes que a carga da haste encontre a carga do raio. O estudo e as fotos dos cientistas foram publicados na Geophysical Research Letters em dezembro.
Vídeo mostra como funcionam os para-raios
Não eram apenas os para-raios que produziam essas descargas, mas também vários cantos dos edifícios e outros pontos elevados. De fato, "qualquer pessoa que esteja numa área aberta pode lançar uma descarga de conexão para cima, de sua cabeça ou ombros, e ser ferida por um raio, mesmo que não seja diretamente atingida por ele", disse Marcelo Saba, pesquisador sênior do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e autor do estudo.
Um tipo de para-raios oferece melhor proteção do que outro?
"Alguns vendedores dizem que seus para-raios são melhores que os outros", disse Saba, "mas isso é apenas conversa. Não há nenhuma pesquisa sólida sobre isso. Existem normas que devem ser seguidas por quem instala para-raios. É o melhor que podemos fazer por enquanto."
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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