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Descrição de chapéu astronomia

Dados de sonda da Nasa revelam novos detalhes dos mares de Titã, lua de Saturno

Satélite natural desperta interesse de pesquisadores na busca por vida fora da Terra

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Will Dunham
Washington | Reuters

A sonda da Nasa que explorou Saturno e suas luas geladas encerrou sua missão com um mergulho no gigante planeta em 2017. Mas alguns dos dados coletados pela Cassini durante 13 anos de pesquisa no sistema saturniano estão sendo examinados agora.

As observações de radar da sonda estão fornecendo detalhes sobre os mares de hidrocarbonetos líquidos na superfície de Titã, a segunda maior lua do nosso Sistema Solar e um local de interesse na busca por vida além da Terra.

Envolto em uma névoa alaranjada, o satélite natural exibe mares líquidos em sua superfície, embora não sejam de água, e sim de nitrogênio e dos compostos orgânicos metano e etano, componentes do gás natural.

Ilustração de um dos mares de hidrocarbonetos de Titã, lua de Saturno - via Reuters

O estudo envolveu três mares perto do polo norte: Kraken Mare, o maior, cobrindo uma área comparável ao mar Cáspio, na Eurásia; Ligeia Mare, o segundo maior e comparável em área ao lago Superior, na América do Norte; e Punga Mare, aproximadamente equivalente ao lago Vitória, na África. A composição química desses mares varia conforme sua latitude.

A pesquisa também documentou a extensão e distribuição de ondulações na superfície do mar, indicando correntes de maré ativas e aumento da aspereza perto de estuários —as fozes dos rios.

Com 5.150 quilômetros de diâmetro, Titã é a segunda maior lua do nosso Sistema Solar, atrás de Ganimedes de Júpiter, e é maior que Mercúrio.

Titã e a Terra são os únicos corpos no Sistema Solar onde líquidos caem das nuvens, fluem como rios para mares e lagos na superfície e evaporam de volta para o céu para começar o processo hidrológico novamente.

Na Terra, a água cai das nuvens. Em Titã, as nuvens expelem metano —que é um gás na Terra— em forma líquida devido ao clima gélido.

"Titã é um mundo semelhante à Terra com um conjunto diversificado de morfologias de superfície muito familiares, moldadas por um sistema hidrológico baseado em metano operando em uma atmosfera densa de nitrogênio", afirmou o engenheiro e cientista planetário Valerio Poggiali, da Universidade Cornell, autor principal do estudo publicado nesta terça-feira (16) na revista Nature Communications.

"Mares e lagos de hidrocarbonetos líquidos pontilham a superfície nas regiões polares, especialmente a região norte", acrescentou Poggiali. "Canais alimentados por precipitação fluem para esses mares criando estuários, em alguns casos deltas."

Os dados da Cassini indicaram que os rios transportam metano líquido puro que, então, se mistura aos líquidos mais ricos em etano dos mares, assim como a água doce nos rios da Terra se mistura à salgada de oceanos.

"Os mares de Titã são puxados pela enorme gravidade de Saturno, assim como nossos mares, e a amplitude das marés em algumas de suas margens pode ser de cerca de 30 cm. Como o período de maré —o dia de Titã— é longo, 16 dias terrestres, o ciclo de maré é lento, então as correntes de maré são geralmente fracas", explicou o cientista planetário e coautor do estudo Ralph Lorenz, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.

O estudo utilizou dados coletados por um dos radares durante as passagens da Cassini por Titã —três em 2014 e uma em 2016. A sonda direcionou um feixe de rádio para alvos na superfície de Titã, que então refletiram em direção a uma antena receptora na Terra. Isso forneceu informações mais ricas sobre a composição da superfície do que outro radar comum da sonda, que refletia um sinal de rádio em um alvo e de volta ao ponto de origem.

"Esse é provavelmente o último conjunto de dados intocados que a sonda Cassini nos deixou", disse Poggiali.

O satélite de Saturno possui ambientes com condições consideradas potencialmente adequadas para a vida —por exemplo, um vasto oceano subsuperficial de água líquida.

"As moléculas orgânicas pesadas produzidas na atmosfera de Titã são pré-bióticas por natureza?" Poggiali perguntou, referindo-se à química que poderia levar à formação da vida. "Todo esse material orgânico já esteve em contato com água líquida? Acreditamos que interações semelhantes poderiam ter levado à origem da vida em nosso planeta, com a geração de moléculas capazes de produzir energia ou armazenar informações."

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