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Descrição de chapéu Nasa

Nasa cancela envio de veículo para a Lua após gastar R$ 2,5 bilhões em sua construção

Atrasos e preocupações com orçamentos da agência espacial americana condenaram missão que buscaria gelo no satélite

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Kenneth Chang
The New York Times

A Nasa (agência espacial americana) vai gastar cerca de US$ 750 milhões (R$ 4,2 bilhões) para não mandar para Lua um veículo de exploração conhecido como rover.

O equipamento, chamado de Viper (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover) já está construído. A previsão é que ele estivesse a bordo de um foguete com previsão de lançamento no final do ano que vem, mas isso não deve mais acontecer.

A Nasa anunciou na quarta-feira (17) que planejava cancelar a missão e desmontar o Viper —um veículo com rodas do tamanho de um carro pequeno, que deveria procurar gelo de água nas sombras perto do polo sul da Lua. Um outro equipamento ocupará seu lugar.

Um teste de saída do Rover de Exploração Polar Investigando Voláteis no Centro de Pesquisa da NASA Glenn em Cleveland em 2022 - Glenn Research Center/NASA/NYT

A missão de reconhecimento tinha a intenção de fornecer informações sobre o que está nos crateras eternamente sombrios nas regiões polares antes que os astronautas da Nasa pousem lá nos próximos anos. No entanto, atrasos tanto com o Viper quanto com a espaçonave construída por uma empresa privada que deveria ter pousado o rover na superfície da Lua levaram à incerteza sobre o cronograma do projeto. Os custos crescentes poderiam causar cortes ou cancelamentos de outras missões.

"Decisões como as que estamos discutindo hoje são extremamente difíceis de serem tomadas", disse Nicola Fox, administradora-adjunta da diretoria de Missões Científicas da Nasa, durante uma entrevista coletiva. "Não as tomamos levianamente. Pensamos muito na melhor maneira de avançar."

O cancelamento proposto do Viper é o mais recente revés nos esforços científicos da agência americana.

Os custos de uma missão para coletar rochas e solo de Marte e trazê-los para a Terra para estudo aumentaram, levando a Nasa a pedir novas ideias mais baratas sobre como realizar a tarefa. O Europa Clipper, uma missão robótica que está programada para estudar uma lua de Júpiter com um oceano sob o gelo, pode ser adiada devido a problemas com alguns de seus componentes eletrônicos.

As missões da Nasa frequentemente acabam custando mais e levando mais tempo do que o previsto. Por vezes, ela mantém essas missões apesar disso. Mas como a tendência é que o Congresso dos EUA não autorize aumentos significativos de seu orçamento nos próximos anos, a direção da agência decidiu que era melhor cortar as perdas com o Viper.

Até junho, a Nasa havia gasto US$ 450 milhões (R$ 2,5 bilhões) com o veículo, que já está totalmente montado com seus instrumentos científicos instalados, disse Joel Kearns, administrador-adjunto para exploração na diretoria de Ciência. No entanto, os testes do rover para garantir que ele sobreviveria às vibrações de um lançamento de foguete e às duras condições do espaço não foram concluídos.

O cancelamento economizaria pelo menos US$ 84 milhões (R$ 470 milhões), pois a Nasa não precisaria mais pagar para concluir os testes ou operar o rover na lua, disse Kearns. Outras missões serão capazes de alcançar muitos dos objetivos do Viper, embora não tão rapidamente, disse Fox.

A Nasa planeja desmontar o Viper e usar os instrumentos e outros componentes em outras missões. No entanto, a agência disse que também está disposta a ouvir propostas de empresas americanas ou estrangeiras que queiram usar o sistema do rover como ele está hoje, desde que isso não gere custos adicionais para o governo federal.

Além dos gastos com a construção do rover, a Nasa contratou a empresa Astrobotic Technology, de Pittsburgh (EUA) para levar o Viper à Lua. A agência ainda planeja pagar à companhia US$ 323 milhões (R$ 1,8 bilhão) para prosseguir com essa missão.

Mesmo sem o rover e seus instrumentos científicos, uma demonstração bem-sucedida do foguete, chamado Griffin, ainda seria valiosa, disse Kearns.

O Viper estava originalmente programado para ser lançado no final de 2023. A NASA então pediu à Astrobotic para realizar testes adicionais no Griffin, adiando a data de lançamento para o final deste ano. Mas, devido aos problemas na cadeia produtiva causados pela pandemia e a outros fatores, o rover e o foguete não estariam prontos para o lançamento até setembro do próximo ano, no mínimo.

Fox disse que a Nasa também estava preocupada que a missão não estivesse pronta nem mesmo então, e atrasos adicionais aumentariam ainda mais o custo. Kearns disse que a agência decidiu não substituir o Viper por outras cargas científicas porque essas mudanças exigiriam a renegociação do contrato de preço fixo com a Astrobotic.

A primeira missão lunar da Astrobotic para a Nasa, enviando um veículo chamado Peregrine em janeiro, falhou logo após o lançamento e nunca chegou perto da Lua. Outros equipamentos lunares este ano foram mais bem-sucedidos, incluindo um de outra empresa americana trabalhando para a Nasa, a Intuitive Machines, que alcançou a superfície lunar em fevereiro, embora tenha tombado.

Kearns disse que a Astrobotic está livre para vender espaço no Griffin para outros clientes.

"Se eles quiserem voar mais cargas comerciais, podemos reduzir nosso simulador de massa para que a massa total seja a mesma", disse ele.

Fox disse que a Nasa notificou os comitês do Congresso que decidem sobre os orçamentos da agência sobre o cancelamento iminente. O Legislativo poderia direcionar a Nasa a prosseguir com o Viper, mas isso exigiria cortes em outras missões lunares.

"É uma decisão baseada em preocupações orçamentárias em um ambiente de orçamento muito restrito", disse Fox.

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