Siga a folha

Descrição de chapéu

O planeta azul onde chove vidro e que fede a ovo podre e pum

Descoberto em 2005, o exoplaneta HD 189733 b está a 64 anos-luz da Terra e possui temperaturas escaldantes de cerca de 1.000 °C

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

BBC

Cientistas da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, utilizaram dados do Telescópio Espacial James Webb para estudar o exoplaneta conhecido como HD 189733 b, um gigante gasoso do tamanho de Júpiter. E descobriram que a atmosfera do planeta possui traços de sulfeto de hidrogênio, a molécula responsável pelo cheiro característico de ovos podres e dos gases liberados pela flatulência de seres humanos.

Possui temperaturas escaldantes de cerca de 1.000 °C e uma chuva feita de vidro, por causa da proximidade com o seu sol e por ser formado basicamente por gases, com ventos de mais de 8.000 km por hora. "Portanto, se o seu nariz pudesse operar a 1.000°C a atmosfera cheiraria a ovos podres", disse o Dr. Guangwei Fu, astrofísico da Johns Hopkins que liderou a pesquisa.

HD 189733 b está a 64 anos-luz da Terra e possui temperaturas escaldantes de cerca de 1.000 °C - Roberto Molar Candanosa/Johns Hopkins University

HD 189733b está a apenas 64 anos-luz da Terra e é o Júpiter quente mais próximo que astrônomos podem observar passando diante de sua estrela. Isto o tornou, desde que foi descoberto, em 2005, uma referência para estudos detalhados de atmosferas exoplanetárias, explicou Fu. O exoplaneta está cerca de 13 vezes mais próximo de sua estrela do que Mercúrio está do Sol e leva cerca de dois dias terrestres para completar uma órbita

'Não buscamos vida'

Trata-se de uma das primeiras detecções de sulfeto de hidrogênio em um exoplaneta. E embora a presença de sulfeto de hidrogênio possa indicar a possibilidade de planetas distantes abrigar organismos alienígenas, os pesquisadores não procuram vida no HD 189733 b por ele ser um gigante gasoso, como Júpiter, e muito quente.

Encontrar sulfeto de hidrogênio é, no entanto, um passo para entender como os planetas se formam, segundo os pesquisadores. "Não estamos procurando vida nesse planeta porque ele é muito quente. Mas encontrar sulfeto de hidrogênio é um trampolim para encontrar essa molécula em outros planetas e entender melhor como os diferentes tipos de planetas se formam", disse Fu.

Embora a presença de sulfeto de hidrogênio possa indicar a possibilidade abrigar organismos alienígenas, o exoplaneta é quente demais para haver vida - Roberto Molar Candanosa/Johns Hopkins University

Além de detectar o sulfeto de hidrogênio e medir o enxofre total na atmosfera do HD 189733 b, os cientistas avaliaram as principais fontes de oxigênio e carbono dele: água, dióxido de carbono e monóxido de carbono.

"O enxofre é um elemento vital para a construção de moléculas mais complexas e, tal qual com o carbono, o nitrogênio, o oxigênio e o fosfato, os cientistas precisam estudá-lo ainda mais para compreender como os planetas se formam e do que são feitos", disse Fu.

O mistério dos metais

Com uma precisão sem precedentes, os pesquisadores também descartaram a presença de metano no HD 189733 b e mediram os níveis de metais pesados. Planetas gigantes gelados de menor massa, como Netuno e Urano, contêm mais metais do que os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, os maiores planetas do sistema solar.

A maior presença de metais sugere que, durante os primeiros períodos de formação, Netuno e Urano acumularam mais gelo, rochas e outros elementos pesados do que gases como hidrogênio e hélio. E os cientistas querem determinar se essa correlação também se aplica aos exoplanetas, explicou Fu.

"Esse planeta com a massa de Júpiter está muito próximo da Terra e foi muito bem estudado. Agora temos essa nova medição para mostrar que, de fato, as concentrações de metais que ele possui fornecem um ponto muito importante para o estudo de como a composição de um planeta varia de acordo com sua massa e raio", acrescentou o cientista.

Telescópio Espacial James Webb abriu uma nova janela para a análise da composição dos exoplanetas - NASA, ESA, CSA, Northrop Grumman

Telescópio revolucionário

James Webb está abrindo uma nova janela para a análise de substâncias químicas em planetas distantes e ajudando os astrônomos a aprender mais sobre as origens desses planetas. "Está realmente revolucionando o campo da astronomia. Cumpriu o que foi prometido e até superou as nossas expectativas em certos aspectos", disse o Dr Fu.

Nos próximos meses, a equipa de Fu pretende usar dados do telescópio espacial para rastrear o enxofre em outros exoplanetas e entender como níveis elevados da substância influenciam com que distância se formam de suas estrelas-mãe.

O estudo foi publicado na revista Nature. Este texto foi publicado originalmente aqui.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas