Siga a folha

Peste causou colapso populacional europeu na Idade da Pedra, sugere pesquisa

Nova pesquisa se baseou em material de DNA de ossos e dentes encontrados em tumbas na Escandinávia

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Will Dunham
Reuters

Há cerca de 5.000 anos, a população no norte da Europa entrou em colapso, e comunidades agrícolas da Idade da Pedra na região foram dizimadas. A causa dessa calamidade, chamada declínio do Neolítico, ainda vinha sendo alvo de debate.

Mas uma nova pesquisa, com base em material de DNA de ossos humanos e dentes escavados de tumbas funerárias na Escandinávia, sugere que uma peste pode ter causado o declínio do Neolítico. Sete das tumbas são de uma região sueca chamada de Falbygden. Há ainda uma da costa sueca, próxima a Gotemburgo, e outra na Dinamarca.

Os restos humanos vieram de um tipo de túmulo megalítico construído com pedras gigantes, chamado de túmulos de passagem.

Um dos esqueletos completos encontrados no túmulo da passagem de Fraelsegarden, em Falbygden, Suécia - via Reuters

Os restos de 108 pessoas —62 homens, 45 mulheres e uma pessoa cujo sexo não pôde ser identificado— foram estudados. No total, 18 deles, ou 17%, estavam infectados por uma peste no momento da morte.

Os pesquisadores puderam desenhar uma árvore genealógica com 38 pessoas em Falbygden, perpassando um total de seis gerações e 120 anos. Doze delas, ou 32%, foram infectadas. As descobertas indicaram que a comunidade em questão sofreu três ondas distintas de uma forma inicial de peste.

Os cientistas reconstruíram os genomas completos das diferentes cepas da bactéria causadora da peste Yersinia, responsável por essas ondas. Eles descobriram que a última pode ter sido mais virulenta do que as outras e identificaram características indicando que a doença pode ter se espalhado de pessoa para pessoa e causado uma epidemia.

"Descobrimos que a peste do Neolítico é uma ancestral de todas as formas posteriores de peste", disse o geneticista da Universidade de Copenhague Frederik Seersholm, principal autor da pesquisa publicada na última quarta-feira (10) na revista Nature.

Uma forma posterior desse mesmo patógeno causou a Peste de Justiniano no século 6 d.C. e a Peste Negra do século 14, que devastou a Europa, o norte da África e o Oriente Médio. Como as cepas que circulavam durante o declínio neolítico eram versões muito mais antigas, a peste pode ter produzido sintomas diferentes dos observados nas epidemias milênios depois.

O estudo demonstrou que a peste era abundante e disseminada na área examinada.

"Essa alta prevalência de peste indica que as epidemias de peste desempenharam um papel importante no declínio do Neolítico nessa região", disse o geneticista Martin Sikora, da Universidade de Copenhague, coautor do estudo.

O Neolítico, ou Idade da Pedra Polida, foi o período de adoção, pelo ser humano, da agricultura e da domesticação de animais, em substituição ao estilo de vida nômade de caçadores e coletores.

O declínio populacional do Neolítico no norte da Europa ocorreu entre cerca de 3300 e 2900 antes de Cristo. Nessa época, cidades e comunidades mais sofisticadas já tinham surgido em lugares como Egito e Mesopotâmia.

As populações da Escandinávia e do noroeste da Europa foram eventualmente exterminadas, sendo substituídas pelos yamnaya, que imigraram da região que abrange a atual Ucrânia, sendo assim os ancestrais dos nórdicos modernos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas