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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Na beira-mar, de balde e pá

O tatuí voltou. Agora só falta o prefeito ir embora

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Ele andava sumido, mas voltou no balanço das ondas. De nome científico, Emerita brasiliensis, encontrado no litoral sudeste e sul do país, ou Emerita portoricensis, mais comum no nordeste. Só especialistas conseguem diferenciar as duas pequenas espécies de crustáceo, pois elas parecem iguais a olho nu. Para quem beira os 40 anos ou mais, e em criança vivia na praia, trata-se do simpático tatuí.

Ainda timidamente ele tem sido visto, de um lado para outro da beira-mar, no trecho da praia do Flamengo atrás da Marina da Glória, um local conhecido como Prainha. Sua presença não indica, contudo, que a qualidade da água na baía de Guanabara tenha melhorado. Deu apenas um refresco, e o tatuí retornou para matar saudades.

Em seus tempos de menino em Copacabana, o sambista Moacyr Luz era um craque em pegar o bichinho branquelo. Em fuga, depois de se esconder na areia molhada, ele deixava uma bolha. Era o sinal de que ali havia tatuís. De balde e pá na mão, Moa ia fundo na escavação. O desafio entre a petizada era saber quem tinha coragem de comê-los vivos. O futuro compositor de “Saudades da Guanabara” era o primeiro a meter os dentes. Quem preferir pode mastigá-los fritos: em dez minutos, com um pouco de alho, óleo e sal, ficam prontos; acompanha arroz. 

Mais do que o golfinho que está estampado na bandeira do estado e do que animais celebridades de ocasião —como o Macaco Tião e a Capivara da Lagoa—, considero o tatuí o maior símbolo do Rio. De um Rio que passou, e os cariocas merecem ter de volta. Pois saibam que ele fermentou até a bossa nova. Em Ipanema ficava o Clube dos Tatuís, nascido de um time de futebol de praia. Nos anos 1950 lá se reuniam, para tocar e cantar, Newton Mendonça, Dolores Duran, Sylvinha Telles, Tom Jobim, enquanto Vinicius recitava poemas.

Seja bem-vindo de novo, Emeritinha. Agora só falta o prefeito Crivella desaparecer. 


 

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