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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Os apuros do Super-Homem

A balança desregulada do ministro Sergio Moro

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Em janeiro do ano passado, a capa da revista Piauí mostrava o personagem Amador, um masoquista paramentado de calcinha, botas de cano alto e focinheira, erguendo um chicote com a mão direita, enquanto a esquerda puxava uma coleira que lhe sufocava o pescoço. O cartunista Adão completava o desenho com os dizeres do balão: “2018 vai ser demais”.

Tanto que, entrando na segunda metade de junho de 2019, ele ainda nem terminou. Nada exemplifica melhor o Brasil recente do que a relação de cupidez entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. As conversas secretas, reveladas pelo site The Intercept, demonstram que a operação Lava Jato fez do ex-presidente Lula um alvo querido, como se, na balança da justiça praticada na República de Curitiba, uns pudessem ser mais corruptos do que outros.

Boneco utilizado por manifestantes para demonstrar apoio a Moro em maio deste ano, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Transformado em bonecão do Super-Homem em manifestações a favor do governo, o ministro Moro está em apuros. Nos próximos capítulos do seriado, é improvável que o herói escape da armadilha. Seus roteiristas são fracos: na quarta (12), fizeram-no comparecer, ao lado de Bolsonaro, ao futebol. Torcedor do Athletico-PR, vestiu a camisa do Flamengo por cima da gravata, o sem-jeito mandando lembranças. Moro deve ter se esquecido de que o estádio Mané Garrincha, em Brasília, é fonte inesgotável de corrupções.

O masoquista de Adão é uma das imagens que o jornalista Mário Magalhães resgata em seu livro recém-lançado “Sobre Lutas e Lágrimas”. Trata-se de um retrato do país em 2018, escrito no olho do ciclone. 

Nele surgem nossas não poucas desgraças: a paralisação dos caminhoneiros, o dr. Bumbum, as rolanças de Neymar, o incêndio do Museu Nacional, o assassinato de Marielle, a falácia do kit gay, a facada, o triunfo da direita. Na continuação, Moro quer roubar a cena.

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