As besteiras fabricadas pelo governo para tapear sua incompetência indicam mentes freudianamente dominadas pela pulsão de morte. O que dizer de um presidente que manda ao Congresso um projeto de lei para eliminar o exame toxicológico para motoristas de caminhões, vans e ônibus e desobrigar o uso de cadeirinhas para crianças nos bancos de carros? No primeiro caso, até se entende que Bolsonaro viva num filme de ficção pós-apocalíptica e queria criar uma milícia de doidões sobre rodas. No segundo, só chamando a claque bolsonarista para explicar.
Outras ações desastradas envolvem as áreas da diplomacia, educação e ciência, vítimas de um corte de verbas que não disfarça o revanchismo ideológico. Enquanto isso, o presidente pode gastar à vontade: R$ 7 milhões na compra de carros blindados para atender sua família.
A maioria das medidas integra a estratégia de desviar a atenção do que realmente importa: a política do estrago. O meio ambiente se encaixa na categoria promessa de campanha. A qual se confirmou com a nomeação de um ministro condenado num processo sobre alteração de mapas da várzea do rio Tietê para beneficiar uma empresa mineradora.
Nos primeiros cinco meses de governo, o número de multas aplicadas pelo Ibama por desmatamento ilegal foi o mais baixo em 11 anos. Não espanta, já que o presidente —que quer desmantelar o Código Florestal— adota o chavão de que existe uma “indústria de multas” no país.
Com Bolsonaro, a média mensal de liberação de agrotóxicos é três vezes maior do que a de 2009 a 2015. Abriram-se as porteiras para 169 venenos, usados em larga escala na agricultura. A ministra da pasta, Tereza Cristina, ao contrário de alguns colegas, é eficiente. E discreta. A musa do veneno —distinção que ganhou da bancada ruralista— não aparece nas redes sociais comendo chocolatinho nem dedurando lésbicas em desenhos da Disney.
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