Siga a folha

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Rubens Figueiredo para ministro

No lugar de Abraham Weintraub, que finge cuidar da educação enquanto tuíta

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

No início do século, um pequeno grupo de amigos, entre eles o poeta Carlito Azevedo e o romancista Rubens Figueiredo, costumava se reunir aos sábados no sebo Berinjela, no centro do Rio, a convite do livreiro Daniel Chomsky. Depois do meio-dia, quando a fome apertava, a jornalista Kamille Viola aparecia com um delicioso prato de... berinjelas.

Magro e calvo, Rubens pouco falava. Gostava mais de ouvir e perguntar —de repente, gargalhava. Num dia memorável, do nada derrubou um copo d’água na cabeça. Raras vezes contava alguma história de como era ser professor de português na rede estadual. Morando em Copacabana, pegava ônibus para a Cidade de Deus. Durante o trajeto, ia ouvindo radinho de pilha e olhando a cidade mudar de aparência. Hoje aposentado, o tradutor de Tolstói escreveu, na Ilustríssima (27/10), um tocante depoimento sobre sua experiência de 30 anos no ensino público:

O escritor e tradutor Rubens Figueiredo - Paula Giolito - 14.dez.2011/Folhapress

“Há poucos meses, por acaso, passei de ônibus naquela rua, à noite, e vi o prédio encolhido no fundo de uma sombra. As janelas escuras e a porta trancada, diante da calçada vazia. E pensei: onde andarão os meus alunos? Mas também, sem querer, pensei: o que será daqueles que agora nem podem ser alunos?”.

Se fosse ministro da Educação, Abraham Weintraub deveria responder ao escritor. Mas, atuando no governo como digital influencer, ele usa seu tempo para produzir linguagem de sarjeta em 280 caracteres. Na maioria dos casos, tratando de assuntos que nada têm a ver com a pasta que finge ocupar.

Na quarta (30), Weintraub tuitou: “Vejam os donos das Organizações Globo: os três irmãos Marinho. Será que uma investigação profunda desta (sic) família, da vida de suas esposas (qual profissão tinham antes do casamento), dos filhos, de quem frequenta a casa deles, mostraria um mar de virtudes?”.

Quem dera o ministro da Educação fosse o Rubens Figueiredo.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas