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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Tudo girando

Roda-gigante é um símbolo para o mafuá em que o prefeito Crivella transformou a cidade

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Legado. Eis uma palavra que se gastou, no tempo e nas promessas. Enquanto o Rio esteve envolvido com os preparativos para a realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, ela esteve presente em todas as conversas, sobretudo as fiadas. Mas, de legado mesmo, pouco ou quase nada restou, a não ser que se considere a destruição do Maracanã como uma herança da modernidade cafona e da corrupção sistêmica.

O Porto Maravilha, projeto que pretendia transmudar espaços abandonados e precários da região portuária em um centro turístico-financeiro, com a construção de edifícios de até 50 andares, lembrando as torres de Dubai, foi a maior promessa de todas que não aconteceu. Nessa mesma área, o prefeito Marcelo Crivella resolveu fazer sua mais importante intervenção urbana, espécie de símbolo para o mafuá em que ele transformou a cidade.

O trambolho atende pelo nome de Rio Star. Vende-se como a roda-gigante mais gigante da América do Sul (88 metros), nos moldes da London Eye, a maior do mundo. O custo total do brinquedo é um mistério. Um diretor da FW Investimentos, holding que administra parques temáticos e ganhou a licitação, fala em "dezenas de milhões de reais". A prefeitura irá receber uma mensalidade de R$ 200 mil ou 5% do faturamento bruto.

O preço é salgado. A partir de 20 de dezembro, R$ 59 por cabeça. Pelo menos, a vista é bonita: de um lado, a baía de Guanabara; de outro, o centro da cidade, com o Morro da Providência em primeiro plano e, ao fundo, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar.

As brincadeiras já começaram. Dizem que a turma do Bolsonaro enfim irá perceber que a Terra é redonda.

E o pessoal da Casa Porto, botequim que funciona num sobrado do largo da Prainha, perto da roda-gigante, manda avisar: "Tá com medo de encarar? Com R$ 50, você também vê do alto tudo girando aqui da Casa Porto".

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