Ao entrarem na pista do street na Praça da Concórdia, em Paris, o time brasileiro do skate precisará mostrar um repertório que seja ao mesmo tempo difícil e criativo para agradar aos jurados e subir ao pódio.
Na estreia da modalidade nos jogos de Tóquio, em 2021, o Brasil fez história ao conquistar a prata com Rayssa Leal e Kelvin Hoefler. Ambos fazem parte da delegação brasileira, que tem ainda no street os skatistas Pamela Rosa, Gabriela Mazetto, Felipe Gustavo e Giovanni Viana.
As provas começariam neste sábado, mas, por causa das más condições do tempo, o masculino foi adiado para segunda-feira (29). As competições femininas ocorrem neste domingo (28).
Dos 22 skatistas competidores, tanto no masculino quanto no feminino, os seis com maiores notas avançam para a final.
A prova do street é formada por duas voltas de 45 segundos cada na pista, composta por obstáculos de rua, como corrimões e escadas. O skatista tem liberdade para definir seu próprio roteiro, a quantidade de manobras, quais obstáculos e por onde começar e terminar o trajeto.
Além das voltas, o atleta também faz cinco tentativas de manobras individuais.
A pontuação da volta e das manobras varia de 0 a 100. A nota é dada por cinco juízes, com apoio de um head judge, uma espécie de juiz coordenador que fornece detalhes gerais da prova para ajudar na tomada de decisão. Ele também tem a palavra final na decisão se uma manobra foi considerada erro ou não.
Nas manobras, o skatista tem direito ao Procedimento de Recusa de Pontuação, em que pode eliminar uma manobra para tentar melhorá-la, sem penalidade por repetição.
Para compor o resultado, tanto da volta quanto das manobras, a maior e a menor nota dada pelos juízes são descartadas e feita a média das demais. No final da prova, a pontuação do atleta soma a melhor nota de volta e as duas melhores manobras, podendo chegar a 300 pontos.
A avaliação é feita com base em critérios de dificuldade, criatividade no uso dos obstáculos, velocidade, como o skatista faz a ligação entre as manobras, o chamado flow, estilo, constância e aproveitamento de área.
Marcos Hiroshi, supervisor de competições da CBSK (Confederação Brasileira de Skateboarding) explica que a inovação é um componente fundamental para os julgadores, que comparam o que está sendo apresentado por cada skatista. Se há um competidor que faz uma manobra diferente dos demais, isso será considerado.
"A cada etapa tem manobras que a gente chama de NBD (Never Been Done), porque são manobras inéditas e no skate isso é muito valorizado. Os juízes sempre estão dando as melhores notas para quem está trazendo aquela apresentação de skate que está em direção a esse caminho de evolução."
Apesar dos parâmetros de análise, a nota final é subjetiva. No skate, os valores de desconto de cada falha ficam a critério de cada julgador a partir da observação de como aquela falha impactou a apresentação.
"A gente observa a altura que a pessoa está indo para o obstáculo, a forma que ela encaixou e deslizou. Se ela encaixou meio torto, depois ela ajeitou na hora que foi escorregar ou se ela encaixou perfeito e já escorregou sem travar e saiu perfeitamente", diz.
A falta de leveza com que cada movimento é realizado, a posição dos pés e escorregadas geram decréscimos. Durante as voltas, se o skatista cair, ele pode continuar o trajeto, diferentemente do que acontece na manobra: se cair, a manobra é invalidada.
Dentre as manobras do repertório de Rayssa está o Heelflip Frontside Boardslide, apresentado por ela em maio, quando foi ouro na etapa classificatória de Xangai, na China, e garantiu sua vaga em Paris.
O movimento combina a apresentação do heelflip, uma manobra criada na década de 1980 por Rodney Muller com um movimento de deslizar com o shape do skate no corrimão.
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