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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

O Livro Verde e Amarelo

Autoria de Jair Messias Bolsonaro: pouquíssimo texto, muitas figuras coloridas

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Uma pesquisa Datafolha revelou que dois terços da população brasileira dizem nunca ter ouvido falar do Ato Institucional nº 5. Provavelmente um número ainda maior de pessoas nem faz ideia do que seja "O Livro Vermelho", de Mao Tsé-tung. No entanto, no fim dos anos 60, quando foi decretado o AI-5, dando início ao período de maior repressão da ditadura militar, muitos jovens barbudos traziam na bolsa de couro a tiracolo uma cópia escondida com as máximas de Mao.

Fenômeno da época, o livrinho —que compilava frases e trechos de discursos— era um manual de autoajuda para uso de esquerdistas. Na verdade, só reforçava o culto ao ditador que implantara a Revolução Cultural. Como tudo na China, os números eram impressionantes: em dez anos, seis bilhões de exemplares teriam sido impressos pelas tipografias estatais. Sua aquisição era quase uma exigência --assim como hoje são os livros e os filmes sobre o bispo Macedo.

Em 1975, Muammar Gaddafi fez o seu "Livro Verde", consumido durante três décadas, até cair em desgraça, seguindo o próprio déspota líbio. Lançado dois anos antes, "O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr", com as sacadas do guru do Méier, resistiu melhor ao tempo: "O homem atingirá a sabedoria total no dia em que for completamente marxista: 40% de Groucho, 30% de Chico, 20% de Harpo e 10% de Karl".

De tanto reclamar da crise, os nossos editores estão bobeando. É incrível que, até agora, não tenha sido publicado "O Livro Verde e Amarelo", de Jair Messias Bolsonaro. Pouquíssimo texto, muitas figuras coloridas, como prefere o autor. Destacando-se as mentiras, há um farto material para recolha, valendo as frases ditas antes e depois da Presidência. Fica uma sugestão para a chamada de capa: "Fazer cocô dia sim, dia não". 

Pensando bem, melhor fazer uma versão eletrônica, atualizada um dia sim, outro também.

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