Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Botando as manguinhas de fora

O 'putsch' do miliciano contra a Porta dos Fundos

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Foi praticamente a estreia no jornalismo de Justino Martins, que mais tarde se transformaria na alma da revista Manchete em seu período de maior prestígio. Foca, mas atrevido, no início dos anos 40, Justino por conta própria mandou de Porto Alegre, via correios, uma reportagem para Diretrizes, publicação mensal dirigida no Rio por Samuel Wainer. O texto, intitulado "Como Era Verde o Meu Brasil", contava a história do integralismo.

Até aí nada demais, se o repórter, com faro e olho certeiros, não sugerisse que o movimento fascista fundado por Plínio Salgado em 1932 estava longe de ter sido extinto, mesmo com toda a repressão do governo Getúlio Vargas. Em 1938, três dezenas de camisas verdes, armados de fuzis e metralhadoras, assaltaram o palácio presidencial a tiros. O putsch direitista foi contido, mas deu a Vargas o pretexto para asfixiar de vez as liberdades democráticas. 

Justino Martins tinha razão. Mais de 80 anos depois, os integralistas ainda não desistiram. Estavam nas catacumbas, mas voltaram à esfera pública desde que o lema "Deus, Pátria e Família" foi usado para divulgar o partido que o presidente Bolsonaro pretende chamar de seu, a Aliança pelo Brasil.

Recentemente, um advogado ligado ao movimento foi nomeado assessor especial da ministra Damares.
Na década de 1930, a Ação Integralista quis substituir o Papai Noel pelo Vovô Índio, que se vestia "com penas de todas as cores de passarinhos". Estilo que não combina com a longa folha criminal de Eduardo Fauzi, suspeito de atacar com coquetéis molotov a Porta dos Fundos na véspera de Natal.

​Fauzi tem ligação com milícias e —surpresa!— com grupos integralistas. Pode estar envolvido no tráfico de mulheres para a Europa. No domingo (29) deu um perdido na polícia e tranquilamente fugiu para a Rússia. O que terá acontecido ao país para essa gente botar as manguinhas verdes de fora?

 

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