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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Dalton Trevisan continua mordendo

Com 'Antologia Pessoal', está de volta às livrarias a melhor literatura brasileira

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Nos anos 1950, alguns privilegiados recebiam pelo correio um artefato com a melhor literatura feita no Brasil. Nela se misturavam notícia de jornal, frase no ar, bula de remédio, pequeno anúncio, clássicos da língua, bilhete de suicida, confidência de amigo, fantasma no sótão, bala azedinha, corruíra e o pior dos xingamentos: "barata de fogão leprosa com caspa na sobrancelha". Espião, o escritor parecia viver com o ouvido colado atrás da porta dos vizinhos para reproduzir em diálogos os desastres do amor.

Eram folhetos de cordel, em tiragem pequena e papel barato e, no entanto, ali estava um tesouro: domínio da técnica do conto curto, maestria no manejo da frase, equilíbrio entre o trágico, o lírico e o grotesco. Como notou Antonio Callado, narrativas que mordem o leitor. Relatos com o poder e a sede de um vampiro em busca de polaquinhas nas ruas geladas de Curitiba.

A cada nova entrega, os sortudos iam a um canto escondido para curtir a onda literária. Saciados, orgulhavam-se de pertencer ao clube dos primeiros leitores de Dalton Trevisan. Com eleitos ainda mais privilegiados, havia troca de cartas e impressões. A Otto Lara Resende o autor exigia: "Seja cruel, Otto, seja cruel".

Chega nesta semana às livrarias "Antologia Pessoal", edição em capa dura com 448 páginas. O impacto é o mesmo dos cordéis enviados aos amigos do passado. Reúne 94 histórias selecionadas e retrabalhadas. De "Novelas Nada Exemplares" (1959) a "Beijo na Nuca (2014), Dalton publicou mais de 50 livros.

Na apresentação, Augusto Massi faz referência ao comportamento esquivo do escritor (que não gosta de ser fotografado nem de dar entrevista). Mas pergunta: "Não seria a hora de sublinhar sua dedicação integral à literatura?". Aos 97 anos e tendo na bagagem cerca de 700 relatos, ele continua fiel à ideia de jamais pôr ponto final em um conto. Basta reler para escrever de novo.

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