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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Chuvas no Sul

Deputada perde casa, diz que RS ficará sob a lama e que agora entende a dor de quem perde tudo

Franciane Bayer (Republicanos-RS) afirma que catástrofe é completa e que emendas parlamentares não resolveriam o problema

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Brasília

Eleita para a Câmara dos Deputados em 2022 com mais de 40 mil votos, a deputada federal Franciane Bayer (Republicanos-RS) diz ter experimentado na própria pele a tragédia que inundou e devastou lares de milhares de conterrâneos no Rio Grande do Sul.

A parlamentar deixou sua casa em Canoas na sexta-feira (3), acompanhada do marido, dos filhos adolescentes e de seus animais de estimação, depois de passar a tarde erguendo móveis para tentar poupá-los da inundação que se anunciava. No dia seguinte, descobriu que o esforço foi em vão: uma foto enviada por um vizinho mostrava a água barrenta alcançando a altura do telhado da residência.

Quintal da casa da deputada federal Franciane Bayer (Republicanos-RS) em Canoas, no Rio Grande do Sul, no sábado (4) - Divulgação

Bayer buscou abrigo na casa da mãe, em Porto Alegre, a cerca de 20 km de Canoas. Mas, mais uma vez, se viu tendo que sair às pressas. Sem luz, sem água, sem sinal de internet e com a inundação cada vez mais próxima, refez as malas e recorreu a um barco para ser resgatada junto à sua família na segunda-feira (6).

"É um cenário que a gente nunca viu e nunca imaginou", afirma a deputada federal à coluna. "A gente não consegue compreender o que está acontecendo. Às vezes, é difícil de assimilar. As casas de muitas pessoas não estavam em região de risco ou em área ribeirinha", segue.

"Como ser humano, a gente começa a entender um pouquinho da dor do outro. Quando aconteceram as outas enchentes no estado, em setembro do ano passado, fui para o Vale do Taquari fazer meu trabalho voluntário, mas hoje entendo que só sentindo o que é perder para entender."

Bayer diz ter sido cobrada por eleitores por não ter destinado emendas parlamentares do orçamento de 2024 para a prevenção de desastres no estado —a única a fazê-lo foi Fernanda Melchionna (PSOL-RS), sua colega de Câmara, que reservou R$ 1 milhão para o tema.

A deputada do Republicanos, no entanto, diz acreditar que a dimensão da tragédia gaúcha é tamanha que não poderia ser minimizada com o empenho de emendas. "Nunca ninguém ia prever algo nesse nível que aconteceu aqui. É inexplicável, é inimaginável. Esses recursos de emendas parlamentares não resolveriam essa catástrofe, que é completa", afirma Franciane Bayer.

"Precisamos, sim, pensar em políticas públicas para o cuidado do meio ambiente. Mas já vi recurso ser investido em estudo que virou um relatório de muitas páginas, sem nenhuma ação efetiva que resolvesse isso. Eu acredito que os recursos que chegam nas pessoas é o da assistência social", completa.

A deputada afirma que tem empreendido esforços para articular propostas que possam minimizar os danos causados às pessoas atingidas, mas se mostra cética em relação a uma solução a curto prazo.

"Não tem nenhum governo estadual, municipal ou federal que consiga restaurar de forma imediata", afirma. "Quando as águas começarem a abaixar, teremos um estado embaixo da lama."

Bayer diz que voltou a Canoas na quarta-feira (8) para auxiliar a população que se encontra nos abrigos locais. Apesar de parte dos habitantes já ter sido realocada na casa de amigos e familiares, ela afirma que as perspectivas são pouco animadoras diante do desabastecimento de água e de comida, da lentidão com que o nível da água deve diminuir e da previsão de chuva e de frio para os próximos dias.

"Nós, aqui no estado, precisamos de muita atenção. São muitas coisas para resolver de imediato, a médio e a longo prazo. Nós teremos muito tempo de reconstrução, e precisamos compreender que não vamos precisar dessa ajuda [do Brasil] só agora", afirma a deputada.

Atualmente hospedada no litoral do Rio Grande do Sul, a deputada acredita ter perdido tudo na casa que mantém em Canoas, mas afirma que o dano material não é o que mais a abala.

"É mais o apego emocional", diz, citando como exemplo um conjunto de xícaras que era de sua bisavó e que mantinha guardado. "É o sentimento da tua história que fica dentro da sua casa. É a tua vida construída ali. Parece que deu uma pausa na nossa história e que a gente vai ter que voltar para ver como ficou."


DEDICATÓRIA

O ex-presidente Michel Temer (MDB) prestigiou o lançamento do livro "Vencer a Eleição: Como Construir uma Campanha Competitiva, do Planejamento à Vitória", escrito pelo consultor eleitoral Wilson Pedroso Jr. e pelo jornalista Luciano Suassuna. O evento foi realizado na Livraria da Vila do shopping Higienópolis, em São Paulo, na segunda (6). A ex-deputada federal Joice Hasselmann esteve lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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