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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

A república cristã vem aí

No Brasil do futuro, a moeda vai se chamar bênção

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Em "A Língua Submersa", romance recém-lançado de Manoel Herzog, estamos em meados do século 21. O Brasil não mais existe, faz parte da enorme região denominada Boliviana-Zumbi, uma república fundamentalista cristã. Quem manda no governo é a Igreja Bola de Fogo. A sociedade está dividida entre mandatários, oportunistas, empreendedores e marginalizados. A moeda se chama bênção. Ao artista resta a opção de emigrar para a China, caso não se dedique ao gospel, à literatura edificante, aos quadros decorativos e às encenações bíblicas.

A realidade caminha para superar a ficção. Reportagem do Intercept Brasil mostrou a relação que desde 2018 vem se estabelecendo entre a Igreja Universal e as forças de segurança. Foram mais de 70 encontros, orações, bênçãos e pregações com policiais militares, bombeiros, agentes da PF e militares do Exército e da Aeronáutica em 24 estados do país.

A BBC Brasil revelou como traficantes, que se declaram evangélicos, dominam favelas do Rio usando armas e símbolos bíblicos —a estrela de Davi está em muros, bandeiras e até em neons do chamado Complexo de Israel. A facção criminosa se autodenomina Tropa de Arão, referência ao irmão de Moisés. Pesquisadores classificam o fenômeno de narcopentecostalismo.

Um avião, da Igreja do Evangelho Quadrangular —liderada pelo ex-deputado Josué Bengtson, tio da senadora Damares Alves—, foi apreendido em Belém com 290 quilos de supermaconha. Damares integra a bancada evangélica, que, além de pressionar o governo para ampliar a isenção tributária, quer aumentar os benefícios de templos religiosos —imunidade para gastos na compra de aviões, por exemplo.

Em entrevista, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol justificou a subjugação da mulher diante do homem com um argumento infalível no Brasil de hoje. Segundo ele, tal interpretação está no Velho Testamento —e ponto final.

Arma em área batizada de Complexo de Israel por chefe de grupo criminoso, segundo a polícia - Reprodução/Twitter

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