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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

O faroeste caboclo ataca de novo

Série "Cangaço Novo" é mais uma tentativa de estabelecer o gênero no país

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Desde "O Cangaceiro", filme do diretor Lima Barreto que foi sucesso de crítica e público e premiado no Festival de Cannes de 1953, o cinema brasileiro tenta popularizar um gênero que, à falta de melhor definição, ficou conhecido como faroeste caboclo. Um vasto campo de experimentação —indo da chanchada "Matar ou Correr" ao glauberiano "Deus e o Diabo na Terra do Sol"— que tem na série "Cangaço Novo", em exibição no Prime Video, um ponto de alta qualidade.

Cena da primeira temporada da série 'Cangaço Novo' - Divulgação/Prime Video

Do boca a boca no Brasil, a produção comandada por Aly Muritiba e Fábio Mendonça virou sucesso ao redor do mundo. Entrou no top 10 dos mais assistidos da plataforma em 49 países. A fórmula do sucesso é simples: mostra o sertão nordestino de maneira realista, com cenas de ação bem realizadas, personagens em conflito e uma trama que, como nos westerns clássicos, discute temas universais.

Sempre há quem faça reparos ou desaprove os sotaques. Na Folha, o crítico Mauricio Stycer apontou a questão sensível de representar o Nordeste como símbolo do atraso e, pior, um atraso "modernizado", não dando conta das complexas transformações que ocorrem na região. Stycer acertou no alvo ao dizer que "Cangaço Novo" sabe explorar "as imbricações entre polícia, crime e política".

É uma abordagem que se encontra na melhor (e na pior) literatura brasileira, a qual está na origem do que seria, mas nunca chegou a ser, o faroeste caboclo ou o nordestern. Pegue-se um autor hoje esquecido, Adonias Filho. O argumento do romance "Corpo Vivo" parece o de um bangue-bangue hollywoodiano: pistoleiros invadem uma fazenda, matam o homem, a mulher e três filhas, mas deixam escapar o caçula, que escondido na mata a tudo assiste e já começa a engendrar a vingança. O batismo do personagem é puro western spaghetti: Cajango.

Se ainda vale a máxima de que livros ruins rendem bons filmes, "Corpo Vivo" está pedindo para ser adaptado.

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