Descrição de chapéu Chuvas no Sul Defesa Civil

Guaíba chega a 5,25 m, e moradores precisam abandonar bairro em Porto Alegre

Previsão era que nível do lago chegasse a 5,40 m nesta terça (14), o que seria o maior já registrado

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São Paulo e Porto Alegre

O nível do lago Guaíba, em Porto Alegre, subiu quase meio metro em 24 horas, atingindo 5,25 m às 19h15 (de Brasília) desta terça-feira (14). Com a elevação da cota de inundação e a formação de ondas no lago, o bairro de Lami, no extremo sul da cidade, precisou ser evacuado de manhã.

Na dia 5 deste mês, o Guaíba atingiu o recorde de 5,33 m. A água havia recuado nos últimos dias, chegando a 4,56 metros no sábado (11). Contudo, a volta das chuvas intensas entre sexta (10) e domingo (12) no Rio Grande do Sul causou novas enchentes na região dos vales, sobrecarregando a já alagada região metropolitana.

Sacos de areia reforçam a barragem montada na avenida Presidente João Goulart, em frente ao gasômetro de Porto Alegre, para evitar o avanço das águas do lago Guaíba - Gabriel Schlickmann/Folhapress

As ondas do Guaíba fizeram a enchente avançar também pelo bairro Ipanema, ultrapassando o calçadão da orla e invadindo casas. Na zona norte, bairros como Sarandi, Humaitá e Navegantes foram diretamente afetados, assim como o Centro Histórico, Cidade Baixa, Menino Deus e Praia de Belas na região central.

Já em bairros centrais da capital houve uma elevação de água menor do que a registrado nos últimos dias.

Onde antes havia inundação nos bairros Praia de Belas, Menino Deus e Cidade Baixa, agora a marca da água está abaixo da diferença entre os 5,33 m registrados no dia 5 e os 5,25 m desta terça.

Nas proximidades da rua José do Patrocínio, na Cidade Baixa, a água voltou a subir. Porém, não entrou em prédios como na semana passada.

Em vias ainda alagadas como as avenidas Borges de Medeiros e Praia de Belas, os bueiros estão sobrecarregados e o escoamento é dificultado, mas a expectativa é que o nível diminua ao longo da semana.

O aumento contido se deve à retomada das operações da Estação de Bombeamento de Água Pluvial (Ebap) 16, no bairro Praia de Belas, que foi religada com o auxílio de geradores nesta segunda (13).

De acordo com o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos) pela manhã desta terça houve uma falha no gerador, mas a operação já foi normalizada. Ao todo, são oito casas de bomba operantes em Porto Alegre —15 ainda estão desligadas.

Maior nível já registrado

A previsão era que o Guaíba chegasse a 5,40 m nesta terça, o que seria o maior nível já registrado. No entanto, a marca ficou abaixo da expectativa inicial.

O nível de alerta do lago é 2,5 m. A inundação ocorre quando o nível chega a 3 m. Os dados são do Sistema Hidro, da ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal.

A cidade de Porto Alegre viu nesta segunda uma corrida contra o tempo para erguer barreiras contra a água e resgatar moradores que ainda estão em áreas de risco.

"Estou preocupado porque se for isso, mesmo com essa barreira, a água vai subir", diz o comerciante Rafael Farina, morador da rua Duque de Caxias, próximo a uma barricada. Segundo ele, a água cresceu no mínimo cinco dedos, quase cobrindo uma lixeira que usa como ponto de referência.

De casaco grosso, Rafael estava buscando baldes de água na enchente para que seu condomínio pudesse usar para descarga.

Ele teme um novo alagamento de seu local de trabalho, um minimercado na rua vizinha. "A água chegou na segunda prateleira, aí ontem a gente entrou lá e esvaziamos a terceira", diz.

A capital gaúcha está nas margens do Guaíba, onde desembocam os principais rios que nascem no interior do estado, na área de planalto. Os rios Jacuí, Taquari/Antas, Sinos, Caí e Gravataí voltaram a receber chuvas ao longo de seus leitos, o que ajudou a aumentar o nível do lago.

Especialistas apontam que as chuvas em sequência dificultam o escoamento, e que a cidade ainda pode permanecer por até um mês embaixo d’água. "O quadro de cheias ainda está em andamento e não há sinal de que será revertido nos próximos dias", disse o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A previsão é que as chuvas comecem a diminuir a partir desta terça-feira, de acordo com a Climatempo —porém, devem retornar na sexta (17), e prosseguir pelo fim de semana.

As inundações já causaram mais de 140 mortes e afetam cerca de 2 milhões de pessoas e grande parte das cidades gaúchas.

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