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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Recuo de Pazuello comprova ação devastadora de Bolsonaro na pandemia

Se mudou de ideia sobre cloroquina, ministro da Saúde deveria delatar o presidente

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O general recuou. Depois que autoridades afirmaram mais uma vez que não há remédio eficaz contra o coronavírus, Eduardo Pazuello disse que nunca recomendou aquilo que o próprio governo chama incansavelmente de “tratamento precoce”. O Ministério da Saúde tentou empurrar cloroquina ao país, mas o militar deve ter percebido que andava em terreno perigoso.

O comprimido é a peça simbólica que comprova a ação devastadora do governo Jair Bolsonaro na pandemia. O presidente e seus auxiliares fizeram a opção por um protocolo de tratamento fantasioso, que sufocou os esforços pela vacinação dos brasileiros e até o fornecimento de material básico para a sobrevivência dos doentes.

Três dias depois de saber que Manaus estava prestes a entrar em colapso, Pazuello deu uma palestra em que defendeu remédios ineficazes e disse que não havia “outra saída”. O ministério quis despejar cloroquina no Amazonas, mas mandou oxigênio insuficiente para abastecer o estado.

Jair Bolsonaro e o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) durante cerimônia no Palácio do Planalto, em dezembro de 2020 - Pedro Ladeira/Folhapress

Se mudou de ideia, o general deveria delatar o chefe imediatamente. Enquanto Pazuello finge indignação e diz que não indicou medicamentos, Bolsonaro segue à frente do movimento do charlatanismo. “Não desistam do tratamento precoce. Não desistam, tá?”, pediu a apoiadores, na segunda-feira (18).

Ao longo da pandemia, o presidente fez campanha para que a cloroquina fosse usada no lugar dos imunizantes que ele trabalhava para sabotar. “Enquanto não tiver uma vacina realmente confiável, e uma vez contraída a Covid, eu recomendo que faça o tratamento precoce”, disse Bolsonaro na TV, em dezembro. “Tá aí à disposição. Pegou, toma.”

A covardia de Pazuello mostra que ele talvez tenha medo de perder o cargo ou de ser processado. A desfaçatez de Bolsonaro sugere que ele confia na impunidade. O Ministério Público e o Congresso podem investigar a responsabilidade de cada um. Os atos de ambos estão registrados em vídeo e documentos oficiais.​

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