Descrição de chapéu Coronavírus

Bolsonaro insiste em tratamento precoce e volta a lançar desconfiança sobre Coronavac

Presidente ignora ciência e posição da Anvisa em conversa com apoiadores

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Brasília

Ignorando o que dizem autoridades de saúde em todo o mundo, inclusive a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a insistir nesta segunda-feira (18) no "tratamento precoce" contra a Covid-19.

"Não desistam do tratamento precoce. Não desistam, tá? A vacina é para quem não pegou ainda. E esta vacina que está aí é 50% de eficácia. Ou seja, se jogar uma moedinha para cima, é 50% de eficácia. Então, está liberada a aplicação no Brasil", disse Bolsonaro a apoiadores em vídeo compartilhado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em seu canal no Telegram, aplicativo de mensagens que virou queridinho da direita nos últimos dias.

O canal bolsonarista que grava e publica uma versão editada da conversa de Bolsonaro com os apoiadores havia deixado este trecho de fora.

No sábado (16), o Twitter marcou como enganosa e potencialmente prejudicial uma publicação do Ministério da Saúde que colocava o "tratamento precoce" como estratégia de combate ao coronavírus.

Tal como compreendido e recomendado pela pasta do general Eduardo Pazuello, o tratamento precoce é composto por medicamentos como cloroquina e ivermectina, incensados por Bolsonaro, mas que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19.

Em seus votos na reunião que liberou o uso emergencial da Coronavac e da vacina Oxford/AstraZeneca, neste domingo (17), diretores da Anvisa também negaram a existência de um tratamento precoce.

"Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada disponível para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus", disse a relatora Meiruze de Freitas.

O presidente Jair Bolsonaro, que defendeu o tratamento com cloroquina - Pedro Ladeira/Folhapress


Um de seus apoiadores perguntou ao presidente se a vacina seria obrigatória. Bolsonaro pôs em dúvida a eficiência da Coronavac, apesar de aprovada pela Anvisa.

"No que depender de mim, não será obrigatória. É uma vacina emergencial, 50% de eficácia. É algo que ninguém sabe ainda se teremos efeitos colaterais ou não", afirmou.

Além da Coronavac, a Anvisa liberou uso emergencial dos imunizantes da Oxford/Astrazeneca. O governo da Índia, porém, negou no fim da semana passada a entrega imediata de um lote de vacinas contra a Covid-19, frustrando a operação montada para buscar o material no país asiático e impondo a Bolsonaro uma primeira derrota política, já que o Brasil teve que iniciar sua campanha de vacinação com o imunizante chinês negociado pelo governador João Doria (PSDB-SP).

Na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto o embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy. O encontro não estava previsto na agenda oficial do presidente. O governo brasileiro não havia dado qualquer informação sobre a reunião até a publicação desta reportagem.

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