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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Bolsonaro inventa crise militar para manter tragédia da pandemia

Presidente quer generais como milícia contra governadores que decretam lockdown

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O único plano do governo Jair Bolsonaro parece ser a ampliação da tragédia da pandemia. O presidente trocou o comando das Forças Armadas porque quer que elas funcionem como uma milícia contra governadores que decretaram medidas para conter o vírus. Inventou uma crise com os militares para manter o morticínio desenfreado.

Bolsonaro meteu generais numa briga política que só interessa ao Planalto. No início de março, ele disse que o meu Exército não vai para a rua" para obrigar o povo a ficar em casa". Depois, declarou que seus apoiadores podem contar com as Forças Armadas contra governantes que ele chamou de "tiranetes ou tiranos".

Tudo indica que o presidente gostaria de explorar a farda dos militares para demonstrar força nesse embate. Segundo aliados dos chefes demissionários das Forças Armadas, Bolsonaro cobrava deles manifestações públicas contra os autores de lockdowns e outras restrições.

Jair Bolsonaro em solenidade de homenagem ao Dia do Soldado em 2019 - Mateus Bonomi/Agif/Folhapress

De saída, os comandantes fizeram circular a versão de que se recusaram a acompanhar o que o presidente já chamou de "ação dura" do governo federal contra os governadores. Resta saber como seus sucessores vão se comportar diante da obsessão bolsonarista pelo uso das Forças Armadas como suas tropas particulares nesse conflito.

De qualquer maneira, a substituição de toda a cúpula militar de uma só vez já produziu alguns dos efeitos desejados pelo presidente. Com o movimento, Bolsonaro cobrou publicamente das Forças Armadas submissão a seus comandos ​e tentou intimidar seus rivais. Mais uma vez, ele imitou o som de tanques e rosnou para seus adversários políticos.

Em busca de prestígio, as Forças Armadas aceitaram integrar a experiência bolsonarista no poder. Tornaram-se, na verdade, parte indissociável do desastre produzido pelo presidente. Se os militares guardam rancor pelo sucateamento dos anos FHC e pelas investigações da era petista sobre os crimes da ditadura, o que sentirão sobre a humilhação a que se submeteram com Bolsonaro?​

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